1 Agora, meu irmão, que devo encerrar esta carta, envio a você um abraço afetuoso, esperando que minha experiência possa ser útil ao seu coração.
2 Não se julgue, dentro da vida, como alguém que nunca prestará contas dos atos mais íntimos. Tudo o que praticamos, Dirceu, permanece gravado no livro da consciência.
3 O bem é a sementeira da luz, portadora de colheitas sublimes de alegria e paz, enquanto que o mal nos enegrece o espírito, como tinta escura que mancha os alvos cadernos escolares.
4 Ouça a palavra esclarecedora de nossos pais, os primeiros amigos que a Bondade Divina colocou às portas de nossa vida terrestre, e nunca despreze os bons conselhos recebidos. A nossa natureza, quase sempre, reclama ternura e compreensão dos que nos cercam, mas a nossa necessidade de preparação espiritual exige luta e contrariedade. 5 Nem sempre aprendemos o necessário, recebendo demasiadas carícias. Por isso mesmo, na maioria das ocasiões, precisamos do socorro de advertências mais fortes. Não seja, pois, rebelde à orientação do lar.
6 Em suma, Dirceu, seja bondoso, fraterno, aplicado ao estudo e ao trabalho. Conserve amizade sincera aos livros. Faça-se amigo prestimoso de todas as pessoas, ainda quando não possa você ser compreendido imediatamente por elas.
7 Não descreia da boa semente, embora a germinação se faça tardia.
8 Não maltrate nem persiga os animais úteis ou inofensivos. É muito lamentável a atitude de todos aqueles que convertem a vida terrena num instrumento de perturbação e destruição para os mais fracos.
9 Seja bom, Dirceu, profundamente bom, verdadeiro e leal. E creia que todos os seus atos nobres serão largamente recompensados.
10 Agora, meu querido irmão, devo terminar.
11 Beije por mim a mamãe e o papai. Estou certo de que um dia nos reuniremos, de novo, no Grande e Abençoado Lar, sem lágrimas e sem morte.
12 Até lá, conservemos, acima de todas as dores e incertezas, nossa fé viva em Deus e a nossa suprema esperança no destino.
13 Adeus. Receba muitas saudades do seu afetuoso.
Carlos
Neio Lúcio