O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

Índice |  Princípio  | Continuar

Mensagem do pequeno morto — Carlos por Neio Lúcio


15

Trabalho

1 Depois das lições, que são sempre agradáveis e edificantes, somos conduzidos a uma oficina de grandes proporções, onde trabalhamos na composição de material de ensino para os jovens de cursos superiores, serviço esse que é sempre orientado por sábios instrutores de nossa nova esfera de ação.

2 Atendemos, por essa forma, às obrigações com imenso proveito, porque cumprimos o dever que nos cabe, preparando-nos, ao mesmo tempo, para tarefas maiores.

3 Tanta atenção e cuidado deveremos, porém, dispensar ao serviço, que Zacarias, um de nossos colegas mais resolutos, resolveu interpelar, respeitosamente, um dos orientadores, indagando:

4 — Todos trabalham, como nós, depois da morte do corpo?

— Como não? — respondeu ele, sorridente.

5 — É que — tornou o companheiro, acanhado — nos ensinaram na Terra que, depois da morte, somente encontraríamos o repouso eterno, quando bons, e a eterna punição, quando maus.

— É uma ilusão dos homens — esclareceu generosamente o instrutor —, quase sempre interessados em criar artifícios para o engano de si mesmos. A maioria das criaturas encarnadas, nos círculos terrenos, não escondem o desejo vicioso de gozar sem esforço, receber benefícios sem proporcioná-los a outrem e repousar sem servir.

6 Nesse ponto dos esclarecimentos, sorriu bem-humorado e continuou:

— A propósito de semelhante verdade, a maior parte dos meninos que chegam, até aqui, são sempre portadores de enraizados defeitos. 7 Foram muitíssimo mal habituados em casa. Escravizaram-se ao carinho excessivo, ausentaram-se das pequenas responsabilidades e deveres que lhes competiam na organização familiar e, ao serem surpreendidos pela morte, sofrem angustiosamente com a readaptação, porque a vida continua, pura e simples, exigindo serviço, esforço e boa vontade de cada um de nós.

8 Aquelas palavras queimavam-me a consciência. Recordei minha situação antiga. Vi-me, de novo, em casa, reclamando a atenção de todos, sem qualquer resolução de ser útil aos outros. Não sei se acontecia o mesmo a outros companheiros de turma, que, atentos, mas desapontados, escutavam as explicações. Sei apenas que experimentei íntima sensação de vergonha.

9 Em seguida ao intervalo havido nas observações, o orientador continuou esclarecendo-nos que só os maus e os indiferentes buscam meios de fugir ao trabalho, que o serviço nos é concedido como verdadeira bênção de luz e paz. 10 Por fim, exortou-nos a recordar que Jesus, em criança, trabalhava na carpintaria, preparando peças de madeira, dando-nos o exemplo de correto aproveitamento do tempo infantil, acrescentando, ainda, que se houvéssemos sido educados, quando nos lares terrestres, no espírito de serviço, não teríamos tanta dificuldade de readaptação à vida espiritual.

11 Confesso que estou plenamente de acordo com semelhante ponto de vista.


Carlos

Neio Lúcio


Abrir