O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Mensagem do pequeno morto — Carlos por Neio Lúcio


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O médico

1 Ainda não havíamos terminado as expansões de carinho e alegria, no reencontro, quando o médico esperado chegou.

2 Tia Eunice foi recebê-lo e trouxe-o à câmara. Bem-humorado e bem disposto, ele distribuiu saudações cordiais com muita alegria.

3 Examinou-me atenciosamente, aplicou-me raios de luz, acionando pequenino aparelho que não sei descrever, e, em seguida, passou-me a mão direita, em silêncio, muitas vezes, sobre o peito e a cabeça, observando eu que de seus dedos se desprendiam faíscas de luz azulada e brilhante.

4 Terminadas essas operações, levadas a efeito diante de todos os nossos, entrou a conversar, satisfeito e otimista, dando-me a impressão de que se achava muito mais preocupado em dar-me ideias novas que remédios.

5 Não me perguntou pelo clínico que me tratara em casa, não se interessou visivelmente por minha garganta dolorida, nem fez qualquer indagação que me pudesse transportar o pensamento para a situação passada.

6 Com habilidade, compeliu-me a esquecer a dor e a aflição, distraindo-me com assuntos muito interessantes.

7 Perguntou-me que profissão teria eu escolhido na Terra, se continuasse entre os Espíritos encarnados, e, quando lhe disse algo do meu pendor para a aviação, começou a discorrer de modo tão fascinante sobre o progresso da ciência de voar, que me senti francamente outro, despreocupado das ideias de moléstia e apego inferior ao corpo físico que abandonara.

8 Falava ele como experimentado professor de navegação aérea. Ouvia-o, por isso mesmo, com crescente assombro. Depois de inteligente exposição sobre o tema que tanto me interessava, assegurou-me que conhece o nosso Santos Dumont, prometendo-me outras palestras sobre a aviação, na primeira oportunidade.

9 Percebendo que o bondoso médico ia colocar ponto final à conversação, arrisquei-me a perguntar, absolutamente esquecido de minha enfermidade:

— Doutor, o senhor acredita que poderei continuar estudando aqui?

— Como não? — respondeu, contente — ninguém precisa interromper o serviço de educação própria, por se haver privado do corpo de carne terrestre. Espero vê-lo animado e fortalecido, em breve tempo, para estudar e adquirir conhecimentos novos.

10 Essas palavras enchiam-me de estímulo e satisfação.

11 Ao despedir-se, recomendou que eu fosse matriculado no Parque dos Meninos, onde teria os benefícios que me eram indispensáveis, no que vovó Adélia e Tia Eunice aquiesceram, agradecidas.

12 Quando o médico se foi, notei que deixara de escutar os gritos de mamãe e que as dores haviam desaparecido inexplicavelmente.


Carlos

Neio Lúcio


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