O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Militares no Além — Autores diversos


Prefácio Espiritual

A grande humanidade cristã do porvir

1 Que as bênçãos do Cristo vos fortaleçam.

2 Instituir núcleos de oração e criar fontes de força viva, que nutre famintos e ilumina as estradas a quantos se perdem na noite escura. Oh, irmãos amigos, que vos reunis sob a bandeira santa da paz! Como sois felizes à distancia da guerra! Quantas misérias seguem as batalhas? Quantas ruínas depois de cada bombardeio! Não mais a luz do sol, nem a tranquilidade da noite, mas a incerteza crescente, a dor que se estende como vulcão de lavas, que não se esgota nunca!

3 Antigamente, contemplávamos o céu rogando as graças do Todo-Poderoso! Hoje não mais a piedade da oração que procura as esperanças da Imensidade, porque do céu caem bombas destruidoras, que exterminam para sempre!

4 Não vos venho falar desejosa de estabelecer novos conhecimentos nas almas, relativamente ao polvo escuro, cujos tentáculos envolvem as nações cultas desde 1939! n Não desejamos qualquer manifestação na imprensa de nosso país, não, meus amigos! Nós vimos orar convosco! Em plena tempestade, é preciso buscar o porto. Em trabalhos rudes, é necessário recorrermos à calma do coração. Como não podia deixar de ser, nós estamos servindo com amor. Não mais o exclusivismo de raça, de agrupamento de família, mas o universalismo da humanidade. Abraçamos em nossa fé nosso Brasil sempre novo, mas não no sentido regionalista de outro tempo e sim no propósito de alargar-lhe as fronteiras do sentimento para a grande humanidade Cristã do porvir!

5 Os campos europeus convertidos em cemitérios requisitam trabalhadores devotados. Descrever o pavoroso sofrimento das coletividades atingidas pelo monstro é impossível! Comentar as desgraças de povos inteiros seria faltar à caridade de Jesus Cristo. Onde estão os missionários humanos que assistam, de novo, às almas infelizes do velho continente? Onde os que desejem esquecer todos os ódios e todas as desventuras para se consagrarem ao espírito europeu simplesmente? 6 Nos séculos que passaram, sacerdotes saíam das comodidades do Velho Mundo para enfrentar a América inóspita! Eles, porém, devassavam as matas verdes e escuras e defrontavam somente os perigos exteriores. Hoje, entretanto, há necessidade de discípulos fiéis de nosso Senhor, que estejam dispostos a penetrar o campo europeu para desafiar a selva de sentimentos transviados — homens de Deus que falem advogando o direito humano de confraternização e de paz.

7 Tardam, contudo, os filhos da luz nessas regiões desventuradas! A inteligência desvirtuada tem alguma coisa de satânico, de infernal! E os nossos serviços se desdobram infinitamente, porque as vozes da verdade escasseiam nos países mais vigorosos! Porque Caim continua no trono de sua dominação, trucidando todos os irmãos que se manifestarem dispostos à fraternidade universal. Do que existe verdadeiramente, possuis, no Brasil, uma vaga ideia em vossos lares.

8 Não vos denunciamos, porém, semelhantes dores com a intenção de atemorizar-vos diante da luta e sim para que intensifiqueis as vossas orações de louvor de graças cada dia, por se haver dignado o Senhor de livrar-vos das calamidades Funestas que precipitam os povos mais sábios no vórtice da destruição. E digo mais sábios porque não podemos afirmar os melhores. Há muita diferença entre evolução intelectual e progresso cristão. Não podemos cultivar o raciocínio contra as leis que governam a vida, porque as leis se voltam contra nós, confundindo-nos a razão pequenina e miserável!

9 Infelizes as nações que acenderam os fogos do morticínio! Sobre elas caem as maldições proferidas contra as coletividades pacíficas! Assestados contra si próprias permanecem os canhões consagrados à destruição dos povos amantes da liberdade! Criaram cadeias para os próprios pulsos, algemaram as mãos no longo e doloroso cativeiro projetado para quantos amam o trabalho por amor ao serviço da criação de Deus! Grandes horas, estes momentos do mundo inteiro! Marcam solenemente no relógio da eternidade os desvarios da Terra!

10 Irmãos, como aqueles que acompanharam o Mestre divino, também nós vos repetimos: orai sem cessar! Convertei vossos esforços e vossos dias em orações vivas a Deus! Grande é o instante da atualidade! Permanecei na vossa paz com o Cristo! Embora à distância da carnificina, em sua culminante expressão, sois igualmente do mundo e ninguém poderá eximir-se ao débito coletivo. A dor visita todos os departamentos da vida terrestre, acordando os que dormem. Permanecei na vossa vigília sagrada do lar, orando e trabalhando!

11 Agradeço-vos o momento de repouso, a hora de paz. O trabalhador de minha Esfera sabe agradecer a sombra amiga, a praia acolhedora. Ele compreende, como apóstolo, que toda boa dádiva vem de Deus! Conserve o Senhor vosso teto amigo, cheio de luz espiritual! Ainda que passem os anos, ainda que se escoem os séculos, guardareis, para sempre, o perfume sublime de vossas orações, recordando que enquanto muitos se combatiam na destruição generalizada defendíeis a criação do eterno Pai e que enquanto a maioria de nossos irmãos do mesmo ninho discutiam interesses inferiores, ou se divertiam indiferentes às lágrimas alheias, vós oráveis no santuário doméstico, abrindo as portas do coração para os alvitres do céu a benefício de nossos irmãos em luta.

12 Guarde-vos o Senhor Deus o tabernáculo, porque é hora de regressarmos, nós também, para o centro da luta. Amai-vos muito, defendei vossa fé! Esperai no Senhor e não vos prendais aos homens, embora o serviço a eles nos constitua um sagrado dever! Abri-vos para as inspirações superiores! Crescei para Jesus, ainda que a humanidade vos desconheça o esforço salutar! Desdobrai pensamentos de paz em derredor de vossos passos e permanecei fiéis ao Evangelho e a vós mesmos!

13 Não vos podemos desejar outras riquezas, nem tesouros mais sublimes que estes, considerando que ainda não estamos libertos dos laços que nos prendem aos serviços terrestres. Transitai no mundo como servidores do Cristo, a quem vos entregais cada noite depois do labor de cada dia, e vencereis! Estamos espiritual e individualmente em vossa batalha de redenção particularizada. Não nos rendamos aos inimigos que travam conosco a luta dentro de nós! Prossigamos de espada na mão, enquanto a enxada descanse. Longo é o caminho, mas não nos falta roteiro. Jamais vos percais na bruma das ilusões. Seja Jesus Cristo convosco para sempre!


Anna Nery n

11 de outubro de 1944.



[1] Nota da Organizadora: Ano em que se iniciou a Segunda Guerra Mundial.


[2] Nota da Organizadora: Anna Justina Ferreira Nery foi a primeira enfermeira do Brasil. Nasceu em 13 de dezembro de 1814, em Cachoeira de Paraguaçu | BA, vindo a desencarnar no Rio de Janeiro | RJ, em 20 de maio de 1880. Vide dados biográficos completos à página 150.


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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