1 Desponta o Século Vinte
No berçário da Esperança,
Grita o Céu ao mundo — avança!…
Pede a Vida — renascer!…
O Homem — antigo ouvinte,
Recolhera dos milênios
A safra de nobres gênios,
Dumont, Edison, Pasteur…
2 Repousara no Oriente
A espada altiva de Togo,
Havia cessado o fogo
Aos ímpetos do Japão;
Rebrilha a Paz renascente…
Com lâminas de atalaia,
Os povos juntos em Haya
Procuram renovação.
3 No entanto, eis de novo a luta,
No assalto de Serajevo,
Retoma o mundo medievo,
É o ódio empestando o ar…
Guerra! — é o brado que se escuta
E ante esse grito violento,
Sobre cinza e sofrimento,
O Mundo ordena — marchar!…
4 O dragão prossegue acima,
— Catástrofe que se move —
E o monstro de Trinta e Nove
Ninguém sabe descrever;
Grite o solo de Hiroshima,
Falem as bombas e obuzes,
Urrando em sinistras luzes,
Na terra em brasa a tremer.
5 Mas, no imenso torvelinho,
O Brasil alto e seguro
É o crédito do futuro,
Apoio renovador…
Ei-lo! — a Nação é caminho
Que sustenta o Bem por regra
E o povo unido se integra
Na segurança do Amor.
6 Dias torvos vão passando…
Sem que a treva nos degrade,
Sobre o País da Bondade
Fulge o símbolo da cruz!…
As nações clamam em bando:
— “Onde encontrar novo abrigo?
Quem nos salva do perigo?”
Responde o Brasil: “Jesus”.
Castro Alves
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