1 Indagas, muitas vezes, de alma aflita,
Onde, na Terra, a fórmula bendita
De conquistar a paz, nas trilhas do dever;
Entretanto, no mundo, alma querida,
Tudo aquilo que nutre ou que engrandece a vida
É trabalho do bem que procura esquecer.
2 Ninguém pode olvidar as instruções das cousas,
Fita o abrigo doméstico onde pousas
Num momento qualquer de silêncio ou lazer;
Do piso ao teto ou do alimento à mesa,
Pensa nas formações da natureza,
Que te apoiam no lar, procurando esquecer.
3 As pedras do alicerce que se esconde,
Não te pedem aplauso e nem te explicam onde
Quereriam, por si, permanecer;
Aceitam suportar-te a casa, instante a instante,
Lembrando humildes mãos, resguardando um gigante,
Esquecidas no chão, procurando esquecer.
4 A porta que te guarda a segurança,
Seja em madeira ou não, jamais se cansa
De amparar-te, gastar se e obedecer;
Água corrente e limpa em teu próprio aposento,
Praticando humildade e ajudando, a contento,
É a fonte que se dá procurando esquecer.
5 A lâmpada a teu lado, o armário, o leito amigo,
O livro que conversa a sós contigo,
Doando-te consolo e ensinando-te a ver,
A roupa que te veste, o prato firme e atento,
— Isso tudo é valor em movimento,
Agindo em teu favor, procurando esquecer.
6 Assim também, no mundo, alma querida e boa,
Para reter a paz, ama, luta e abençoa,
Não te doa ajudar, nem te importe sofrer…
Dores e inquietações? Alegra-te ao vencê-las,
Do subsolo ao chão e do chão às estrelas,
Deus nos pede servir, trabalhar e esquecer.
Maria Dolores
|