1 Às vezes, cismas, coração amigo,
Como varar a treva, a cilada e o perigo,
Fazendo luz no próprio ser…
Das perguntas que fiz, onde a aflição me encosta,
Deu-me a vida por única resposta:
— Esquecer, esquecer…
2 Perguntei à roseira, aberta em pétalas e cores,
Como aguentar espinhos, produzindo flores
Por ofício e dever…
Balançando a folhagem viridente,
A roseira me disse simplesmente:
— Esquecer, esquecer…
3 Indaguei do diamante burilado
Que lâmina lhe dera a forma de bordado,
Por estrela a esplender…
E a pedra, recordando lágrima perdida,
Respondeu, como quem louvasse o sofrimento e a vida:
— Esquecer, esquecer…
4 Inquiri da mulher pela maternidade,
Como criar um filho e dá-lo à Humanidade,
Amando intensamente, a chorar e a sofrer…
Comentando o progresso e o mundo, em novo brilho,
Ela disse, beijando as mãos do próprio filho:
— Esquecer, esquecer…
5 Desse modo, também, alma fraterna e boa,
Se buscas elevar-te, esquece-te e abençoa,
Não fujas à lição, se queres aprender…
Serve e conquistarás o reino do amor puro,
Ouvindo a voz do Céu, chamando-te ao futuro:
— Esquecer, esquecer…
Maria Dolores
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