O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

Índice |  Princípio  | Final

Lázaro redivivo — Irmão X


50

Oração de um morto pelos mortos

1 Senhor Jesus: muita vez o trabalhador do campo da vida interromperá o serviço do arado, não para olhar atrás, misturando saudades da Esfera inferior com aspirações do Plano sublime, mas para fixar as zonas mais altas e rogar-Te o auxílio imprescindível!

2 Mestre de Sabedoria e Bondade, não Te venho pedir hoje pelos que ainda se prendem à luta da carne! O faminto, que se arrasta no mundo, na maioria das vezes encontrará uma côdea de pão; o doente, quase sempre, achará remédio salutar. 3 Venho pedir-Te por todos aqueles que a morte arrebatou ao corpo físico, inesperadamente, quando seus corações navegavam em pleno mar de ilusão; por aqueles que deixaram os afetos mais caros, que abandonaram o ninho doméstico entre angústias e lágrimas, que desertaram compulsoriamente dos serviços materiais em que punham a esperança!… 4 Muitos deles, Jesus, acordaram em regiões que supunham não existir; outros amparam-se ainda com os familiares do mundo, tentando restaurar uma situação que a Divina Lei considera encerrada, em definitivo; outros ainda, Mestre, se conservam apegados ao sepulcro que lhes guarda os despojos, procurando inutilmente renovar as exaustas energias orgânicas!…

5 Senhor, por que não pedir por eles ao Teu amor que nos legou a doutrina do túmulo vazio?

6 É verdade que a maioria deles, pobres Espíritos infelizes e perturbados, menosprezaram-Te o nome, esquecendo as obrigações que lhes competiam na Terra… Inegavelmente, criaram dolorosos infernos de remorso e sofrimento para si mesmos, que a Tua própria complacência não pode remover, nem destruir, em virtude das soberanas e indefectíveis Leis do Eterno, mas nós Te rogamos um raio de luz que os esclareça, uma gota do bálsamo de Teu infinito amor que lhes alivie os inomináveis padecimentos!… 7 Ensina-lhes ainda, por intermédio de Teus mensageiros abnegados, o desprendimento dos derradeiros laços que os escravizam aos enganos do passado cruel! São míseros paralíticos do coração, que perderam o movimento fácil, por haverem desprezado os raciocínios nobilitantes, e cegos que subtraíram a visão a si mesmos, viciando os olhos na contemplação de fantasias sem-número, no círculo das sombras terrestres! 8 Sabemos, Jesus, que os paralíticos e cegos voluntários dificilmente encontrarão a cura precisa; entretanto, ousamos suplicar Tua bênção divina para todos esses infortunados que, em desespero, vagueiam sem rumo na Crosta Planetária!

9 Ajuda-os, por compaixão, a se desfazerem das ilusões que os prendem à inquietação e ao tormento íntimo, auxilia-os no aprendizado da arte difícil de dizer adeus! Dá-lhes a noção de que a existência última do corpo se lhes fechou à alma, como se cerra um livro de contas do mundo, e ampara-lhes o coração oprimido para que se ponham a caminho da liberdade espiritual!  10 Que possam reconhecer, ao influxo de Teu amor, a cessação de todos os direitos transitórios da Terra, em face da morte renovadora, e que troquem os títulos convencionais, que lhes uniam o Espírito na carne aos seres queridos, pelos títulos gloriosos da fraternidade imortal, sem limitações e sem fronteiras! 11 Reconhecemos que todos eles, como nós outros, estão assinalados por débitos vultosos perante a Tua misericórdia e sabemos que é impossível fugir ao resgate. Todavia, nós Te suplicamos a bênção de luz, a fim de que se desfaçam as sombras que nos cercam.

12 Jesus, compadece-Te dos novos Lázaros sepultados no túmulo das ilusões e ajuda-os para que sejam desenfaixados e ressuscitem, de fato, ao clarão da verdade eterna! Senhor, Tu que iluminaste os caminhos da vida, atende-nos a súplica e clareia também os caminhos da morte!…


Irmão X

(Humberto de Campos)

FIM

Texto extraído da 1ª edição desse livro.

Abrir