1 Era um problema difícil
O Joaquim da Piedade,
Tão logo lhe fora entregue
A própria mediunidade.
2 Fosse o assunto qual fosse
De tristeza ou de alegria,
Conclamava os companheiros:
— “Busquemos saber do guia.”
3 O grupo se congregava
E as perguntas de Joaquim
Surgiam encadeadas,
Qual inquérito sem fim.
4 Queria saber, ao certo,
O porquê da luta humana,
Qual a influência dos astros
No horóscopo da semana.
5 Indagava sobre as rosas
Que lhe floriam no lar,
Se devia transferi-las
De posição ou lugar.
6 Quanto à esposa, quase mãe,
Tinha sempre um caso a ver
E questionava o mentor
Sobre a criança a nascer.
7 Comprara um sítio não longe,
Pensando em veios de mica,
Queria saber se a terra
Era mesmo pobre ou rica.
8 Inquiria sobre tudo
O que lhe dava na telha,
Até se devia usar
Camisa branca ou vermelha.
9 Toda a equipe acompanhava
Ora serena, ora fula,
As perguntas infindáveis
Do companheiro especula.
10 Até que chegou o dia
Em que o mentor da sessão
Falou-lhe: — “Joaquim, agora,
Já chega de indagação.
11 “Um amigo desencarnado
Vive na ação e no estudo,
Só porque saiu da Terra,
Não é doutor sabe-tudo.
12 “Se você quer colher frutos
Celestiais ou terrenos,
Estude sem descansar,
Sirva mais, pergunte menos.
13 “Para todos nós aqui
Se quisermos melhorar,
Ante a lei justa de Deus,
O caminho é — trabalhar.”
Jair Presente
|