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1 Depois de desencarnado,
João Maria do Amaral
Procurou uma das portas
Da Vida Espiritual.
2 Logo veio um mensageiro
Que o saudou e disse : — “João,
Que fez você para vir
Aos Planos de elevação?”
3 — “Que fiz?” — Ele respondeu —
“Que poderia fazer?
Tive mulher, tive filhos,
Trabalhei até morrer.”
4 Cortês, o amigo aduziu:
— “Disso sabemos, porém,
Desejamos apurar
O que fez você no bem…
5 “Que plantou, quando na Terra?
O que andou a espalhar?
Perdão e paz? Sacrifício?
Amou aos irmãos sem lar?”
6 João explicou, entretanto,
— “Vivi sempre em compromisso,
Do serviço para a casa,
Da casa para o serviço.”
7 E acentuou: — “Além disso,
Quero dizer-lhe, à vontade:
Nunca tive vocação
Para a tal de caridade.
8 “Mostrando-me sem rebuços,
Como agora me convém;
Eu nunca tive o desejo
De auxiliar a ninguém…
9 “Vi tanto pobre em cachaça
E tantas mulheres vis,
Que agir na beneficência
Foi trabalho que eu não quis…”
10 O mentor falou: “No entanto,
Trabalho em casa, no fundo,
É lugar comum da vida,
Na vida de todo mundo;
11 Família e prova, na Terra,
São tarefas, de hora a hora,
Que fez você, além disso?
Auxiliou a quem chora?
12 — “Nada fiz…” — disse o coitado
“Somente lama é o que vi…”
O mentor falou: — “Então
Nada tem você aqui…
13 “Volte à Terra!… Lute e sirva,
Sempre com Deus, como espero,
De vez que seu nome aqui,
Por enquanto é só João Zero.”
Jair Presente
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