1 Mascarada mulher o rabecão trouxera.
Morrera em pleno baile a frágil Colombina
E, no egrégio salão de culto à Medicina,
O professor leciona, em voz veemente e austera:
2 — “Rapazes, contemplai! É rameira e menina.
Tombou ébria no vício e com certeza era
Devassa meretriz, mistura de anjo e fera,
Flor de lama e prazer, Vênus e Messalina.”
3 Em seguida, a cortar, rompe a seda sem custo,
Desnuda-lhe, solene, a alva pele do busto,
Afasta, indiferente, as flores de rendilha…
4 No entanto, ao descobrir-lhe a face triste e bela,
O mestre cambaleia e chora junto dela…
Encontrara na morta a sua própria filha.
Júlia Cortines
|