1 Reencarnar-me?… Deixar a luz divina,
Justapondo-me a pútridos espermas,
Testemunhar a minha própria ruína.
E vestir-me de células enfermas…
2 Reviver solidões amargas e ermas
De um mundo a cuja face se destina
A descendência obscura dos palermas
Que em obras podres se desilumina?
3 Que destino infeliz, igualitário!
Recolher-me às excrescências de um ovário,
Sob um rude mistério incompreensível;
4 Verme do esquecimento em nove meses…
E ressurgir num invólucro de fezes;
Mas tudo isso é da lei intransgredível.
Augusto dos Anjos
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