Senhor Jesus.
Estamos felizes, apresentando mais um livro do nosso abnegado Emmanuel, o mentor e amigo de sempre.
Pedimos-te, porém, Senhor, para que estejamos igualmente no limiar destas páginas, entremeadas por testemunhos, dignos do nosso maior respeito, para evidenciar igualmente nosso apreço, pelo instrumento humano que se fez o intérprete do benfeitor espiritual que tanto amor e tanta consolação nos tem proporcionado.
Desejamos salientar aqui o cinquentenário de trabalho mediúnico de um irmão e de um amigo: Francisco Cândido Xavier.
Chico Xavier, será para nós melhor e mais íntimo, chamá-lo assim.
Imaginamos-lhe o começo da luta edificante a que se impôs.
Órfão de mãe aos cinco janeiros de idade, foi entregue a um lar estranho, onde conheceu duras provas. Atualmente biografado por vários amigos não precisamos assinalar-lhe esse doloroso período da infância. Entretanto, aquela que lhe fora mãe na experiência física, D. Maria João de Deus, ao desencarnar, prometera-1he enviar a ele e aos demais irmãos, um anjo de bondade que a substituísse.
Esse anjo em forma de mulher apareceu na pessoa de D. Cidália Batista, que se tornou a segunda esposa de João Cândido Xavier, o pai de nosso amigo.
Cidália Batista chamou a si a tarefa de Maria João de Deus e abraçou-lhe os nove filhos, em Pedro Leopoldo, como se fossem dela própria.
A mediunidade que começara em Chico aos quatro anos de idade, com fenômenos de clariaudiência, passou a desdobrar se, sem que houvesse alguém para orientar lhe o crescimento.
O pai, conquanto generoso, não compreendia a criança. Dona Cidália, a segunda mãe, não tinha dúvida em encaminhar o menino à máxima autoridade a quem poderia recorrer: um sacerdote amigo.
E Chico se entregou à fé católica, encontrando, nos templos que respeitosamente frequentava, as estranhas ocorrências que lhe marcavam a vida.
Médico das almas, o bondoso sacerdote lhe receitava penitências e cilícios, obrigações e disciplinas que o menino cumpria fielmente.
As visões e as vozes, no entanto, se ampliavam. E quanto mais cresciam, mais se avolumava a incompreensão daqueles que o estimavam, procurando restituí-lo a existência comum.
O lar, a escola, a comunidade e o trabalho profissional, iniciado aos dez anos de idade, não 1he foram favoráveis, conquanto lhe dessem simpatia e amor.
Chico falava daquilo que lhes era invisível, contava episódios que não conseguiam escutar.
E sobrevinham os conflitos sem conta.
D. Cidália Batista, que o adotara por filho do coração com os demais descendentes de João Cândido, teria sido a única a dar 1he crédito:
— “Chico, do que você escute ou veja fora da vida natural, nada conte a seu pai ou às outras pessoas — dizia ela — a não ser ao Padre Sebastião que nos confessa perante Deus, e a mim que me sinto sua mãe. Você não é louco, nem está perturbado. Não compreendo bem o que você me descreve, mas o padre saberá entender o que você diz.”
E se o rapazinho chorasse, repetia:
— “Não se aflija. Alguma pessoa no futuro saberá o que vem a ser tudo isso
que nós não compreendemos. É preciso esperar…”
Aos 17 de idade, Chico é conduzido à Doutrina Espírita.
Abre-se-lhe um caminho claro e novo.
O padre concorda em que ele experimente conhecer a nova doutrina.
E há cinquenta anos, Chico Xavier trabalha com a mesma pontualidade e com a mesma alegria, transmitindo as mensagens da Vida Maior.
Despendeu quarenta anos nas atividades profissionais em que se aposentou na condição de funcionário público federal, em 1961. E há meio século caminha entre dificuldades e bênçãos, alegrias e af lições, distribuindo as páginas dos Amigos Espirituais que lhe aceitaram a cooperação ou que o instalaram no serviço de Jesus, interpretado por Allan Kardec.
Cinquenta anos de trabalho, cinco decênios de caminhada ininterrupta…
Conhecêmo-lo por amigo dedicado e tarefeiro leal aos próprios compromissos, além de irmão que se nos instalou nos corações reconhecidos, mas, o que terá conhecido nessa viagem de meio século na mediunidade ativa, sabe-o Deus.
É para ele, Senhor Jesus, que te pedimos amparo e encorajamento para a continuidade dessa jornada luminosa entre dois mundos, ao mesmo tempo que agradecemos ao devotado Emmanuel a felicidade de compartilhar da alegria que 1977 nos trouxe.
Senhor Jesus, aqui terminamos nosso apelo e por tudo que temos recebido na luz dos teus emissários de paz, amor, para a edificação e aprimoramento de nossas vidas, de alma voltada para o nosso amado instrutor Emmanuel e de corações unidos ao nosso amigo Chico, aqui repetimos jubilosamente:
— Louvado seja Deus!
Rubens Silvio Germinhasi
São Paulo, 1º de novembro 1977.