Desembargador, Presidente do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás. Magistrado e Escritor respeitável.
“Inexiste, na história do Espiritismo, pessoa que tenha sido dotada, e de maioria tão acentuada, de tantas modalidades mediúnicas, como soe acontecer com Chico Xavier.
A sua visão, que, de há muito, se apresenta deficiente para contemplar as coisas materiais, tem o dom de penetrar no mundo invisível e avistar aqueles que se encontram em sua mesma faixa vibratória.
Seus ouvidos possuem a faculdade de captaras vozes dos habitantes do Além.
Dentre outras belas e excepcionais mediunidades que ornamentam o seu espírito, é de destacar o poder de perfumar o ambiente, com agradabilíssimo aroma, que é sentido por todos os presentes e, muitas vezes impregnando-se em líquidos ou objetos, como o lenço, que o retém por longos dias.
Entretanto, o que na realidade notabiliza o extraordinário médium é a psicografia. Não é de se admirar apenas a incomum quantidade de livros, monografias e mensagens que já produziu. O que mais espanta seus leitores, ainda que leigos em coisas da Espiritualidade, é o conteúdo de todos os escritos que jorram de sua pena privilegiada.
Sem possuir cultura de qualquer espécie, pois a vida a tanto não lhe ofertou oportunidade, aprofunda-se em intricadas questões filosóficas, sobrepujando-se aos mais versados no assunto. Sobre a ciência, discorre com tal propriedade que confunde os próprios cientistas. No que tange à religião e à moral, é realmente, inigualável. Neste setor é que sua obra mais se destaca e cresce de vulto. Seus livros são verdadeiras fontes perenes de luz, abrindo novas clareiras para o homem que deseja se aperfeiçoar espiritualmente.
As obras que Chico Xavier já nos legou representam, efetivamente, algo que transcende a capacidade de um simples escritor, quer tanto à qualidade, quer no que toca à quantidade.
Nos estreitos limites desta entrevista, podemos apenas afirmar que as lágrimas que seus livros já conseguiram estancar, as dores, as angústias e os sofrimentos que seus escritos suavizaram; os suicídios, os abortos e tantos outros crimes que seus conselhos evitaram; o conforto, a esperança e a fé que suas mensagens levaram aos corações aflitos e desesperados; a luz que irradia das páginas de seus livros, indicando novos caminhos para a humanidade sedenta de paz e justiça, tudo isto, constitui um acervo de benefícios tais que poucas criaturas humanas conseguiram nos legar.
Antes de encerrarmos esta ligeira apreciação sobre a obra de Chico Xavier, imperioso tornar-se dizer que, como discípulo do Mestre Nazareno, exemplifica a humanidade em toda a sua extensão, pois, podendo vangloriar-se de seus escritos, a outrem transfere o seu mérito, oferecendo ao mesmo tempo, um eloquente e irretorquível atestado da realidade dos dons mediúnicos.” (O Popular — Goiânia — 28.8.1977)