Tínhamos a intenção de indagar ao médium Xavier quais os reais motivos do policiamento que nos últimos tempos vínhamos observando na organização das tarefas de sextas-feiras e sábados.
Inobstante, nunca chegamos a formular tal pergunta. Em carta de 26/1/1979 escreve-nos o seguinte: “prosseguimos no esquema de organização mantido sob a proteção da Polícia Militar. Muita gente estranha isso, mas que fazer? Depois de mais de cinquenta anos de contato com o público, os médicos amigos expressaram o desejo de ver-me fora das reuniões públicas, atendendo-se ao meu problema coronariano sempre suscetível de agravar-se com qualquer aumento de carga emotiva, com o que não pude concordar. Nossos cardiologistas aconselharam, então, que as nossas atividades públicas se processem sob o amparo policial, porquanto desde muito, não disponho de voz para conversação alta. Acontece que o nosso grupo recebe a média de 60 a 80 por cento de amigos sem nenhum conhecimento espírita e, em meio a estes, encontram-se irmãos drogados ou obsedados, carinhosamente trazidos ao nosso modesto recanto de orações, com os quais não tenho, por enquanto, as forças precisas para dialogar com segurança, quando se mostram agressivos ou desditosos. Em vista disso, a cobertura policial, para mim especialmente é uma bênção, que não posso estranhar e sim agradecer”.
Faláramos a Chico Xavier acerca das prováveis influencias de sua enfermidade no desempenho mediúnico de 1976 para diante.
Chico respondeu que apenas se vê com percepções alongadas, isto é, com uma sensibilidade mais aguda para registrar as vibrações que por sobre ele se projetam.
— E com relação à saúde nestes últimos tempos?
— “Posso sintetizar meu problema com esta definição: estou muito bem porque, se tenho algumas dores, estou desfrutando do privilégio do trabalho regular. Recebi grande aumento de disciplinas e Deus me concedeu a felicidade de muito auxílio”.
Mais adiante, dizia-nos (22/2/1979): “Gostei da tua observação sobre o fato de viver e sobreviver com os problemas orgânicos que atualmente carrego. É verdade, querido amigo. Mas podes crer que isto é obrigação minha. Já sei que; em me desencarnando, não me cabe qualquer pretensão de subir à convivência dos nossos Patrocinadores do Mais Alto e, mais embaixo, antigas afeições que talvez ainda persistam em desequilíbrio, não mais me aceitarão para desfrutar-lhes a companhia. A reencarnação será o meu caminho imediato. Desse modo, considero importante fazer o possível por aproveitar o meu veículo atual, enquanto ele me possa servir no trabalho de sempre, a fim de retirar de meu atual emprego na vida física o máximo rendimento de concurso com os Amigos Espirituais que, ao término da tarefa, se compadecerão de mim, auxiliando-me na recolocação necessária em algum recanto terrestre”
A mediunidade, portanto, é misericordiosa janela voltada para a vida. Uma luz balsamizante penetrando e desfazendo as sombras que anuviam o espírito humano, possibilitando nossa edificação interior através das dores do crescimento.
Se nos fosse possível observarmos de uma posição inversa à direção dessa luz inextinguível, veríamos extasiados a maravilhosa Misericórdia Divina vertendo ininterruptamente em prol dos necessitados, dos aflitos, dos desesperançados. Veríamos a humanidade inteira a caminho da luz.
Vislumbraríamos a Luz Divina do Supremo Autor de todas as coisas, que é Deus.
Fernando Worm