THEREZINHA — 45 anos — … não conseguiu falar. Tirou da bolsa uma foto do filho Cássio e apertou as mãos do médium. Várias pessoas receberam, naquela noite, mensagens de seus entes queridos já desencarnados. D. Therezinha, transbordando saudades e indizível felicidade pelo contato obtido, recebeu do jovem Cássio esta mensagem:
1 “Querida Mãezinha Therezinha e meu querido pai Florentino, abençoem-me.
Glória de nossa vida, abrace-me.
Marlise, nossa irmã, Deus nos proteja a todos.
2 Mãezinha, estou aqui. Nem podia deixar de ser assim. A gente imagina que a separação no Plano Físico vem a ser distância, mas o próprio coração nos diz que semelhante ocorrência seria claramente impossível.
3 O amor vem de Deus e em Deus estaremos reunidos sempre.
4 Compreendo. As noites supostas vazias, as horas julgadas entregues ao tempo sem nada e a saudade por sentinela espreitando-nos todos os movimentos.
5 Isso, mãe querida, foi no princípio. Agora é setembro. Hora de primavera. Festa de aniversário. As velinhas são orações e os nossos pensamentos são flores de esperança e de fé.
6 Agradeço todo seu esforço, mãe abençoada e inesquecível. Eu sabia que sua ternura ouviria minha voz nas palavras escritas e que as minhas notícias lhe ecoariam na alma, à feição da música de nossa união constante. 7 Eu sabia que meu pai Florentino encontraria meios de registrar a minha presença e que a nossa querida Glória Cristina me entenderia, sem muitos argumentos do mundo, porque sempre fomos um todo e a parcela que sou eu permanece no lar, tanto quanto o lar permanece em mim.
8 Sei igualmente que ainda choramos; entretanto, nossas lágrimas assemelham-se ao orvalho da noite, vitalizando as flores do alvorecer. 9 A alegria na grande compreensão também se revela através do pranto — desse pranto que nos alcança os recessos do espírito, como que lavando e purificando nossas ideias e emoções, ao levantar-nos para a Vida Maior. 10 Se estou feliz, posso dizer que estou quase. A saudade é parte que falta para que a minha alegria seja perfeita. Mas não é a sensação pesada do sentimento rebelde quando anseia pela obtenção do impossível. É a saudade-esperança que floresce no espírito, iluminado pela fé viva em Deus. 11 Como não ser assim, se nos amamos tanto? Como poderia ser de outro modo se a nossa vida permanece no mundo positivamente impregnada pela vida uns dos outros? 12 Graças à nossa confiança em Jesus, entretanto, vamos transformando inquietação em tranquilidade e carência em plenitude. Viveremos juntos, sim, e para sempre, porque a Divina Providência não nos criou para exilar-nos do carinho com que nos enlaçamos de coração para coração. Estou e estarei, quanto possível, em nosso caminho diário, seguindo nos passos com que marcam a estrada humana.
13 Mãezinha querida, hoje entendo que os pais não nos perdem, quando trocamos de vestimenta, nas metamorfoses da desencarnação. Somos mais filhos, quando conseguimos adentrar os sentimentos daqueles corações benditos que nos plasmam a existência. E tanto mais filho sou eu agora que oro em suas preces, mãe querida, por aquela outra mãe que me entregou no endereço a que Deus me destinava. 14 Agora, que o meu olhar alcança mais longe, enterneço-me ao refletir nas circunstâncias em que fui conduzido aos seus braços. E juntos, como sempre, teremos o coração a diluir-se no carinho por outras crianças que chegaram à Terra indagando pela moradia em que devam respirar. Elas e eles, rebentos da vida de Deus, em nossos cuidados receberão nosso amor. Com a nossa Marlise e outros corações generosos, abraçaremos por nossos entes queridos aqueles mesmos companheiros do Cássio pequenino, a asilar-se em seu colo para refazer-se ou chorar nos dias primeiros da infância.
15 Eu sei, mãezinha querida. Sei que vim à nossa casa terrestre para cultivar as flores da crença ao seu lado, junto de meu pai, de nossa Glorinha e de todos os nossos. De começo, imaginei que teríamos um imenso jardim de rosas pela frente, mas em regressando ao Plano Espiritual reconheci que a nossa plantação era de saudades do Céu. Voltei mais cedo, como que a fim de imprimir renovado vigor às flores de nossas aspirações. 16 As saudades nos chamaram a todos, dos vales terrestres para os montes da espiritualidade superior. E vicejando cada vez mais a nossa floricultura invisível nos fornece ideais e planejamentos de serviço ao próximo, cada vez mais valiosos e mais belos. 17 Peço-lhes, porém, alegria e otimismo, de vez que fomos trazidos ao continente das construções novas em que nos reencontraremos, um dia, bendizendo a Bondade Infinita de Deus. Estamos pavimentando um caminho de libertação. Cada minudência do trabalho no bem, na qual nos esqueçamos para pensar no bem dos outros, é um tijolo de amor ajustando as sendas redentoras em que o carro de nossa vida deslizará, um dia, à procura da felicidade perfeita. Por isso mesmo rejubilamo-nos ao vê-los todos interessados e integrados nas obras da beneficência e da luz. 18 Auxiliemos aos companheiros do futuro que hoje sonham juntos de nós. A criança é o capital de Deus para a sublimação da vida, na Terra. De nós depende sejam os pequeninos da atualidade os grandes responsáveis pelo progresso e pela felicidade de todos, no grande Amanhã.
19 Agradeço, mãezinha querida, as suas lembranças com respeito ao natalício de seu filho. Tenho recebido suas preces e, pelo reconhecimento de tantos, qual se houvéssemos usado o correio dos corações, obtenho diariamente as notícias do seu amor. 20 Muito grato por entender-me o coração nas mãos operosas. “Isto é pelo meu filho”, “em nome de meu filho”, “com o amor de meu filho” e “em lembrança de meu filho” são frases que me soam nos ouvidos à maneira de cânticos celestes. 21 Como dizer a palavra certa, no sentido de agradecer? Não encontro a frase que desejaria articular para manifestar-lhe reconhecimento e carinho, mas a prece falará por mim. Amigos devotados daqui me auxiliarão a orar, pedindo a Deus pela felicidade e paz de nós todos.
22 À nossa querida Marlise, posso dizer que a nossa sempre querida Rosana vai bem, tanto quanto é possível asserenar-se um coração que voltou de inesperado ao Plano Espiritual. Aqui estão, em nossa companhia, duas avós convertidas em mães do coração, nossas queridas Maria Faustina e Maria Caruso. Nossa Rosana vem recebendo todos os cuidados que o seu tratamento merece e, em breve, esperamos contar com a colaboração dela em nossas mensagens. 23 Que nossa irmã do coração, nossa Marlise, espere confiante, pois, com a Bênção Divina, estará a irmãzinha trazendo notícias de próprio punho, muito brevemente. Creiam que todos nós, aqueles que voltamos nos dias mais verdes da existência terrestre, éramos destinados a tempo ligeiro. Mas a vida não cessa e todas as edificações do amor continuam.
24 Meu pai Florentino, o vovô Florentino se encontra aqui conosco e envia lembranças ao meu outro vovô. Achamo-nos todos muito felizes com as disposições de todos, no sentido de darmos de nós, quanto possível, à Causa do Bem.
25 Mãezinha, este é o caminho que se nos desvenda perante os olhos: construir amando e abençoando sempre, a fim de que, por nossa vez, sejamos abençoados. A luta nobre pela vitória do bem prossegue ativa e sentimo-nos felizes em vê-los participando dessa cruzada de bênçãos.
26 Estimaria escrever ainda muito, mas o tempo nos diz que todas as palavras a serem ditas se resumem na descoberta do amor, em cuja refulgência vivemos todos. Amor infinito e belo, semelhante ao Sol que nos aquece por dentro das próprias almas. 27 Nas vibrações benditas dessa alegria indescritível que sinto, em lhes escrevendo, ofereço-lhes o meu carinho por ramalhete de pétalas de saudade, mas de saudades sempre iluminadas na esperança e na fé. 28 Mãezinha querida, desejava encontrar em meu peito uma harpa de luz para dizer cantando quanto a amo, entretanto, isso fica em meus pensamentos que lhe pertencem nas menores situações do sentimento e da vida.
29 Estou contente à maneira de alguém que estivesse muito feliz numa festa maravilhosa de bênçãos com um espinho oculto na própria alma. O espinho da saudade que dividida em quatro partes, pelo muito que nos amamos, ainda é um peso enorme nos ombros de cada um, mas Deus tudo transformará em alegria.
30 Pode a pedra repousar desconhecida entranhada no solo, mas virá um dia no qual se erguerá do chão anônimo para entregar o ouro que conserva consigo; 31 pode o espinheiral vestir-se de verde escondendo agudas lâminas na folhagem, mas um dia virá em que Deus lhe enfeitará de rosas a roupa de espinhos; 32 pode o deserto escaldar os pés do viajante cansado, qual se fora a imagem da solidão e da morte, no entanto, virá um dia em que a fonte se lhe alçará das profundezas para fazer o oásis balsamizante; 33 pode a ostra ferida gemer na imensidão do mar, sem que ninguém na Terra lhe perceba o sofrimento, mas, um dia virá em que Deus, por mãos prodigiosas de trabalho e de amor, lhe trará o tesouro da pérola à superfície para que a preciosidade que se lhe formou do pranto invisível funcione em auxílio dos homens; 34 e pode também perdurar a dor da imaginária separação que hoje nos assinala o relacionamento, entre os dois mundos, entretanto, um dia virá em que a Providência Divina converterá a nossa cruz de saudade em asas de luz para a Terra do Amor e do Reencontro.
35 Com essa bendita certeza da vida imperecível, aqui termino para recomeçar o nosso diálogo, pensamento a pensamento.
36 Nossa querida Marlise receba o nosso carinho de sempre, nossa Glória conserve o beijo fraterno do irmão reconhecido e para meu pai Florentino e para a minha mãe Therezinha, todo o coração agradecido, na ternura total do filho que lhes deve a vida e a felicidade e que pede a Deus nos conserve para sempre em sua proteção de paz e em sua bênção de amor.
37 Sempre o filho do coração, carinhosamente, sempre o mesmo,
Cássio
REFERÊNCIAS DA MENSAGEM
Cássio Leite Llorente.
Nascimento: 24/9/1961.
Desencarnação: 2/2/ 1978.
Mãe: Therezinha Leite Llorente.
Pai: Florentino Llorente.
Irmã: Glória Cristina.
Vovô Florentino: Bisavô Paterno.
Maria Faustina: Bisavó Materna.
Rosana: Afilhada de Therezinha, desencarnada em 24/2/1978, 22 dias após a desencarnação de Cássio.
Marlise: Mãe de Rosana. Maria Caruso: Avó de Rosana.
Fernando Worm