1 Entabularam os familiares interessante palestra, acerca das faculdades sublimes de que o Mestre dava testemunho amplo, curando loucos e cegos, quando Isabel, a zelosa genitora de João e Tiago, indagou, sem preâmbulos:
— Senhor, terás contigo algum talismã de cuja virtude possamos desfrutar? Algum objeto mágico que nos possa favorecer?
2 Jesus pousou na matrona os olhos penetrantes e falou, risonho:
— Realmente, conheço um talismã de maravilhoso poder. Usando-lhe os milagrosos recursos, é possível iniciar a aquisição de todos os dons de Nosso Pai. 3 Oferece a descoberta dos tesouros do amor que resplandecem ao redor de nós, sem que lhes vejamos, de pronto, a grandeza. 4 Descortina o entendimento, onde a desarmonia castiga os corações. 5 Abre a porta às revelações da arte e da ciência. 6 Estende possibilidades de luminosa comunhão com as fontes divinas da vida. 7 Convida à bênção da meditação nas coisas sagradas. 8 Reata relações de companheiros em discordância. 9 Descerra passagens de luz aos Espíritos que se demoram nas sombras. 10 Permite abençoadas sementeiras de alegria. 11 Reveste-se de mil oportunidades de paz com todos. 12 Indica vasta rede de trilhos para o trabalho salutar. 13 Revela mil modos de enriquecer a vida que vivemos. 14 Facilita o acesso da alma ao pensamento dos grandes mestres. 15 Dá comunicações com os mananciais celestes da intuição.
— Que mais? — Disse o Senhor, imprimindo ênfase à pergunta.
16 E após sorrir, complacente, continuou:
— Sem esse divino talismã, é impossível começar qualquer obra de luz e paz na Terra.
17 Os olhos dos ouvintes permutavam expressões de assombro, quando a esposa de Zebedeu inquiriu, espantada:
— Mestre, onde poderemos adquirir semelhante bênção? Dize-nos. Precisamos desse acumulador de felicidade.
18 O Cristo, então, acrescentou, bem humorado:
— Esse bendito talismã, Isabel, é propriedade comum a todos. É “a hora que estamos atravessando”… Cada minuto de nossa alma permanece revestido de prodigioso poder oculto, quando sabemos usá-lo no Infinito Bem, porque toda grandeza e toda decadência, toda vitória e toda ruína são iniciadas com a colaboração do dia.
19 E diante da perplexidade de todos, rematou:
— O tempo é o divino talismã que devemos aproveitar.
Neio Lúcio