1 Querida mamãe, aquele abraço e aquela prece de sempre a Jesus por sua fortaleza e paciência.
2 Seu coração pede uma palavra e me arranco, na medida do possível, para trazer ao seu carinho aquele alô de todos os tempos, enviando a você e a meu pai com as meninas e o nosso pessoal o beijo de sempre.
3 Estou fazendo força e melhorando. Hoje uma lição, amanhã a experiência inesperada, e a gente vai indo…
4 Parece que estamos todos de mãos dadas subindo a montanha. De quando em quando, um de nós parece despencar de cima. O companheiro tropeça, rola e se fere um bocado, mas a turma aguenta e o caído se levanta a fim de seguir para a frente.
5 Não podia ser de outro modo. E o pessoal daqui é a cópia melhorada do grupo terrestre, ou melhor, mãezinha, aí no mundo somos a cópia piorada da equipe que segura a caminhada do lado de cá. 6 É muita gente mesmo, tanto de nossa parte quanto da parte dos colaterais. n Mas é isso. Sigamos com otimismo e fé. Viva em Deus. O ponto para ser alcançado é a felicidade de todos.
7 Fale à Maria Otília n para se alegrar. Tudo vai bem com ela e com o Walter. Tratamento do corpo é necessidade. Imposição da vida. Devem atender a isso, mas a maternidade com ela vai sendo muito bem amparada. O amigo que veio e voltou precisa refazer-se. Essa é a verdade. Não posso bancar a criança, dando uma de abelhudo, mas o tempo dirá quem é esse generoso amigo que procura voltar pelos braços dela com as mãos firmes do nosso Walter.
8 Zuleica n está sob forte auxílio, mas não deve descuidar-se. A ela e ao Celso, à Maria Otília e ao Walter, à Marly e ao Paulo, n o meu carinho de sempre.
9 Nosso pessoal por aí costuma tratar a gente por mortos. Isso, às vezes, dificulta o intercâmbio. Mas com a experiência da vida tudo vai melhorando.
10 Mãezinha, diga ao meu pai que a vida é luta. Luta da pesada, para perdermos os pesos que nos afastam da Espiritualidade Superior. Rogo a ele não chorar ao ler esta carta. 11 Da vez passada, quase que entrei em grande aperto com as lágrimas do pessoal. Quando minhas pobres notícias foram abertas, fiquei tão emocionado com o carinho de meu pai molhando o papel com o pranto forte. n
12 Felizmente, mamãe, o seu coração, embora golpeado de saudade, estava firme. E quando as lágrimas brilhavam nos seus olhos, lembro-me de que você procurava fixar meu retrato, fazendo força para alegrar-se.
13 Tudo vai passando. Aqui está nossa Acácia. n Nosso grupo n é uma família de paz e amor com serviço e realização, chamando-nos a testes incessantes. O que puderem fazer no terreno do bem, façam. O que puderem suportar com paciência, suportem. 14 Aqui é o que a gente fez de si mesmo, pelo que fez aos outros ou pelos outros é o que vale. 15 Nossa oficina de modelagem espiritual está funcionando. Todos podemos transformar-nos, construindo em nós mãos de paz se espalharmos a paz, verbos de luz se cultivarmos a luz em nossas palavras, pés de alegria se soubermos caminhar no rumo do bem, olhos e ouvidos de bênçãos se nos dispusermos a abençoar sempre.
16 Paro aqui. Este assunto de citação é pesado para seu filho. Aluno que não deu a lição não pode ensinar.
17 Mãezinha, tio Casimiro n está bem e nossa irmã Thereza, n a quem devemos tanto carinho, prossegue feliz, embora com a saudade extravasando em forma de lágrimas. Nosso Godoy vem recebendo muito amparo. E vamos caminhando.
18 Agradeço o seu carinho em favor das crianças. n É a verdade, mamãe. Trabalhando é que se progride. Auxiliando é que a gente se auxilia. Dar é a forma de receber. E receber sempre mais.
19 Quem diz aqui que o relógio não existe de nosso lado? Lembranças explodem e as palavras querem tomar forma no lápis, mas o nosso caro Dr. Bezerra n me diz calmo: “agora, meu filho, já chega”. Não devo internar-me em novos assuntos. Mas termino, mãezinha, pedindo a sua serenidade e paciência.. Sua saúde melhorará cada vez mais com a sua calma crescendo e com a sua compreensão avançando para cima.
20 Creia em nossa união de todos os dias. E abrace este rapaz que o seu carinho colocou neste mundo. Não é o melhor, mas é seu.
21 Não chegou a ser o que a sua ternura esperava, mas é seu amor, companheiro de seus passos tanto quanto é para o nosso caro amigo de todas as horas — o nosso herói e meu querido pai — o sócio e o Companheiro de trabalho e de luta.
22 Peça às meninas que não me exijam o nome do pessoal miúdo nesta carta. n Seria uma fila acrescida dos nomes de todos aqueles que amamos.
23 Querida mãezinha, a mensagem está pronta, mas a saudade é um problema que não foi resolvido. Entretanto, estamos felizes. Temos fé e esperança e isso é muito no Tudo que é Deus, no amor com que nos amamos. Muito carinho e aquele beijo do seu filho
Augusto
COMENTÁRIOS
Para situar o leitor amigo na mensagem, vamos acompanhá-la de breves elucidações, obedecendo à sua sequência cronológica. Em essência, encontramos a preocupação da família, entrecortada de ponderações oportunas. Aliás, o próprio Augusto se trai nessas ponderações, ao lembrar que “aluno que não deu a lição não pode ensinar”. De fato, segundo sua mãe, quando na Terra, não era grande a sua preocupação religiosa. Católico, esporádicas vezes frequentava o culto, mas denotava respeitosa religiosidade, não obstante mais ligado, como jovem, ao estudo, aos entretenimentos, ao namoro e ao trabalho.
Contudo, compreendamos que a desencarnação fez o seu Espírito retomar conhecimentos que nos são intrínsecos, por termos vivido na Terra em outras reencarnações, no passado, acumulando experiências, definitivamente gravadas em nossos arquivos mentais.
Vejamos a mensagem:
1 — Colaterais — refere-se aos outros Espíritos presentes à reunião.
2 — Maria Otília — sua irmã Maria Otília Cezar Toscano, esposa de Walter Toscano, citado a seguir. Referindo-se à irmã, Augusto procura alentá-la de problemas que enfrentou, com o insucesso de duas gestações interrompidas. Adiante Augusto diz à irmã que “o amigo que veio e voltou precisa refazer-se”, referindo-se ao Espírito cuja tentativa de reencarnar não foi levada a termo, por duas vezes consecutivas.
3 — Zuleica — outra irmã de Augusto, em estágio avançado de gestação, daí dizer o Augusto estar ela “sob forte auxílio mas não deve descuidar-se”.
4 — Os nomes citados se referem a: Zuleica Cezar Carvalho e seu marido o Dr. Antônio Celso Mesquita de Carvalho; Marly Cezar de Almeida e o esposo Dr. Paulo Roberto Bourgogne de Almeida, residentes na capital paulista.
5 — Augusto refere-se a mensagem anterior de sua autoria, também psicografada pelo Chico, recebida em 03 de fevereiro de 1973 — um ano antes da mensagem que estudamos. O leitor encontrará a citada página no
livro “Entre Duas Vidas”, de Francisco Cândido Xavier e Elias Barbosa. Conta-nos D. Yolanda que o Sr. Raul Cezar, ao ler a mensagem em casa, pois não fora a Uberaba daquela feita, não pôde conter o pranto convulsivo, enquanto que ela realmente procurava fixar o retrato do filho que se destaca na sala de visitas da residência. Certamente, em espírito o Augusto consolava o pai em pranto e a mãe em prece naquele reencontro no próprio lar.
6 — Acácia — Acácia Maciel Cassanha, a abnegada amiga que sugeriu a D. Yolanda que fosse até o Chico, após a morte do Augusto.
7 — Nosso Grupo — trata-se do Lar do Amor Cristão, instituição que D. Yolanda, fortalecida pela consolação espírita, passou a frequentar.
8 — Tio Casimiro — Casimiro Cezar Carlos, falecido alguns meses antes.
9 — Irmã Thereza — vizinha de D. Yolanda, Thereza Motta Godoy, desencarnada em 28 de setembro de 1973. “Nosso Godoy” é seu marido Boanerges Bueno Godoy.
10 — Comovida com as consolações recebidas, D. Yolanda, renovada espiritualmente, passou a dedicar-se ao socorro de crianças necessitadas, daí a menção do filho.
11 — Dr. Bezerra — personalidade conhecida nos meios espíritas, o Dr. Adolfo Bezerra de Menezes, viveu no Rio de Janeiro no século passado, destacando-se como médico e político, sendo também um dos grandes batalhadores da Doutrina Espírita em terras brasileiras. Desencarnou em 1900.
12 — Aqui se faz presente o espírito alegre e brincalhão de Augusto: assim se expressa porque na mensagem anterior, psicografada em fevereiro de 1973 e citada neste comentário, as irmãs estranharam o fato de Augusto lhes não mencionar o nome, reclamando, mesmo, jocosamente, com a mãe. O jovem ouviu-lhes do outro lado a observação e, na presente mensagem, nomeou-as a todas, bem como aos maridos, mas pediu-lhes que não exigissem também o nome dos sobrinhos…
Caio Ramacciotti