1 Na grande capital, mãe e filho sempre oravam juntos à noite.
2 Ele era um pai viúvo, com a filha de dezoito primaveras com quem vivia em rixas constantes.
3 Fosse por excursões, vestidos na moda, visitas ou festas, surgiam as reclamações e críticas paternas.
4 A jovem não deixava por menos e vinham as discussões amargas. Enquanto o pai se irritava por bagatelas, a avó estava sempre compreensiva e serena.
5 Certa feita, o pai exasperado, no momento da prece, indagou da genitora:
— Mãe, como pode você permanecer tranquila, ante os desmandos de sua neta?
6 A senhora respondeu sem se perturbar:
— Filho, em minhas orações diárias, entrego nossa menina a Deus.
— E Deus a escuta? Volveu o filho mal-humorado.
— Creio que sim.
— Mãe, por que você se mostra assim tão convencida?
7 A senhora explicou-se com simplicidade:
— Meu filho, sei que Deus me ouve por três motivos: ele é um Pai que nunca se desespera, como acontece com você; possui, só em nossa cidade, milhares de filhas semelhantes à minha neta naturalmente protegendo a todas; e, por fim, não me consta que Deus, algum dia, haja mostrado a pressa que você tem.
Emmanuel