Reunião pública de 4-8-1961.
1ª Parte — Cap. VII — Item 3 — § 24.
1 Em nossas faltas, na maioria das vezes somos imediatamente perdoados, mas não limpos.
2 Fomos perdoados pelo fel da maledicência, mas a sombra que tencionávamos esparzir na estrada alheia permanece dentro de nós por agoniado constrangimento.
3 Fomos perdoados pela brasa da calúnia, mas o fogo que arremessamos à cabeça do próximo passa a incendiar-nos o coração.
4 Fomos perdoados pelo corte da ofensa, mas a pedra atirada aos irmãos do caminho volta, incontinenti, a lanhar-nos o próprio ser.
5 Fomos perdoados pela falha de vigilância, mas o prejuízo em nossos vizinhos cobre-nos de vergonha.
6 Fomos perdoados pela manifestação de fraqueza, mas o desastre que provocamos é dor moral que nos segue os dias.
7 Fomos perdoados por todos aqueles a quem ferimos, no delírio da violência, mas, onde estivermos, é preciso extinguir os monstros do remorso que os nossos pensamentos articulam, desarvorados.
8 Chaga que abrimos na alma de alguém pode ser luz e renovação nesse mesmo alguém, mas será sempre chaga de aflição a pesar-nos na vida.
9 Injúria aos semelhantes é azorrague mental que nos chicoteia.
10 A serpente carrega consigo o veneno que veicula.
11 O escorpião guarda em si próprio a carga venenosa que ele mesmo segrega.
12 Ridiculizados, atacados, perseguidos ou dilacerados, evitemos o mal, mesmo quando o mal assuma a feição de defesa, porque todo o mal que fizermos aos outros é mal a nós mesmos.
13 Quase sempre aqueles que passaram pelos golpes de nossa irreflexão já nos perdoaram, incondicionalmente, fulgindo nos Planos Superiores; 14 no entanto, pela lei de correspondência, ruminamos, por tempo indeterminado, os quadros sinistros que nós mesmos criamos.
15 Cada consciência vive e evolve entre os seus próprios reflexos.
16 É por isso que Allan Kardec afirmou, convincente, que, depois da morte, até que se redima no campo individual, “para o criminoso a presença incessante das vítimas e das circunstâncias do crime é suplício cruel.” ( † )
Emmanuel