1 Freme, na Lampadosa, a turba em longas filas.
Estandartes… Clarins… A praça tumultua…
Tiradentes, o herói, ante os gritos da rua,
Entra guardando a cruz nas magras mãos tranquilas.
2 — “Morra a conjuração da sombra em que te asilas!”
— “Morte ao traidor do reino!…” — É a gentalha que estua.
E ele sobe, sereno, à forca estranha e nua,
Trazendo o sol da fé a inflamar-lhe as pupilas.
3 Logo após, é o baraço, o extremo desengano…
O mártir pensa em Cristo e envia ao povo insano
Um gesto de piedade e um olhar de amor puro.
4 Age o carrasco, enfim… O apóstolo balança…
E Tiradentes morre, entre o sonho e a esperança,
Contemplando, enlevado, o Brasil do futuro.
|