À hora habitual das instruções, na reunião da noite de 20 de maio de 1954, fomos honrados com a visita do grande instrutor que conhecemos por Frei Pedro de Alcântara, n animador de nossos estudos e tarefas, desde a primeira hora de nossa agremiação, e que, apesar de sua elevada hierarquia na Vida Superior, não desdenha o socorro aos irmãos em sofrimento, inclusive a nós mesmos, insignificantes aprendizes da verdade. n
Com a sabedoria que lhe é peculiar, em sua mensagem psicofônica inclina-nos à responsabilidade e à meditação, para que saibamos valorizar o tempo e o serviço como empréstimos do Senhor.
1 Filhos, clareando consciências alheias, defendamo-nos contra a dominação das trevas.
— “Vem e segue-me!” — Diz o Senhor ao Apóstolo. ( † )
— “Levanta-te e anda!” — Recomenda Jesus ao paralítico. ( † )
2 Para justos e injustos, ignorantes e sábios, o chamamento do Cristo é pessoal e intransferível.
3 O Evangelho é serviço redentor, mas não haverá salvação para a Humanidade sem a salvação do Homem.
4 No mundo, é imperioso refletir algumas vezes na morte para que a existência não nos seja um ponto obscuro dentro da vida, porque o Espírito desce à escola terrena para educar-se, educando.
5 Dia a dia, milhares de criaturas tornam à Pátria Espiritual.
6 Esse caiu sob o fio da espada, aquele tombou ao toque de balas mortíferas. Alguns expiram no conforto doméstico, muitos partem do leito rijo dos hospitais.
7 Todos imploram luz, mas, se não fizeram claridade em si mesmos, prosseguem à feição de caravaneiros ocultos na sombra.
8 Não valem títulos do passado, nem exterioridades do presente.
9 Esse deixou o ouro amontoado com sacrifício.
Aquele renunciou ao consolo de afeições preciosas.
Outro abandonou o poder que lhe não pertencia.
Aquele outro, ainda, foi arrancado à ilusão.
10 Quantas vezes examinais conosco essas pobres consciências em desequilíbrio que a ventania da renovação vergasta no seio da tempestade moral!…
11 É por isso que, sob a invocação do carinho e da confiança, rogamos considereis a estrada percorrida.
12 Convosco brilha abençoada oportunidade.
13 O Espiritismo é Jesus que volta ao convívio da dor humana.
14 Não sufoqueis a esperança na corrente das palavras.
Emergi do grande mar da perturbação para o reajuste indispensável!
15 Não julgueis para não serdes julgados, porque seremos medidos pelo padrão que aplicarmos à alheia conduta. ( † )
16 Ninguém sabe que forças tenebrosas se congregaram sobre as mãos do assassino.
Ninguém conhece o conteúdo de fel da taça que envenenou o coração arremessado ao grande infortúnio.
17 O malfeitor de hoje pode ser o nosso benfeitor de amanhã.
Desterrai de vossos lábios toda palavra de condenação ou de crítica!…
18 Desalojai do raciocínio e do sentimento toda névoa que possa empanar a luminosa visão do caminho!…
19 Somos chamados ao serviço de todos e a nossa inspiração procede do Senhor, que se converteu no escravo da Humanidade inteira.
20 Filhos, urge o tempo.
Sem o roteiro da humildade, sem a lanterna da paciência e sem a bênção do trabalho, não alcançaremos a meta que nos propomos atingir…
21 Quão fácil mandar, quão difícil obedecer!
22 Quanta simplicidade na emissão do ensinamento e quanto embaraço na disciplina aos próprios impulsos!…
23 Jesus ajudou…
Duas grandes e inesquecíveis palavras.
Bastam para cessar a revolta e congelar-nos qualquer ansiedade menos construtiva.
24 Se Jesus ajudou, por que haveremos de perturbar?
25 Se Jesus serviu, com que privilégio exigiremos o serviço dos outros?
26 Reunimo-nos hoje em velhos compromissos.
Digne-se o Senhor alertar-nos na reconstituição de nossos destinos.
27 Não vos pedimos senão a dádiva do entendimento fraterno, com aplicação aos princípios que esposamos, reconhecendo a insignificância de nossas próprias almas.
28 Somos simplesmente um amigo.
Não dispomos de credenciais que nos assegurem o direito de exigir, mas rogamos observeis os minutos que voam.
29 Desdobrar-se-ão os dias e a perda de nossa oportunidade diante do Cristo pode ser também para nós mais distância, mais saudade, mais aflição…
30 Não aspiramos para nós outros senão à felicidade de amar-vos, desejando-vos a beleza e a santidade da vida.
31 Aceitamos nosso trabalho e nossa lição.
Quem foge ao manancial do suor, costuma encontrar o rio das lágrimas.
32 Aqueles que não aprendem a dar de si mesmos não recolhem a celeste herança que nos é reservada pelo Senhor.
33 Filhos de nossa fé, urge o tempo!
Isso equivale dizer que a cessação do ensejo talvez não tarde.
34 Façamos luz na senda que nos cabe percorrer.
Retiremo-nos do nevoeiro.
Olvidemos o passado e convertamos o presente em glorioso dia de preparação do futuro!…
35 E que Jesus, em sua infinita bondade, nos aceite as súplicas, revigorando-nos o Espírito no desempenho dos deveres com que fomos honrados, à frente de seu incomensurável amor.
Pedro de Alcântara
[1] Frei Pedro de Alcântara foi contemporâneo da grande mística espanhola Teresa d’Ávila e, tanto quanto ela, é venerado na Igreja Católica. — Nota do organizador.