1 Através dos mundos — infindáveis retortas do Laboratório de Deus — as encarnações sucessivas alimentam as gerações sucessivas.
2 Em razão disso, grande número de Espíritos ressurge na matéria densa de três em três ou de quatro em quatro gerações.
3 Ninguém se desvencilha do círculo das encarnações dolorosas, repentinamente. Isso somente ocorre a pouco e pouco, esforço a esforço.
4 Depois da lenta evolução dos milênios, a Terra vive agora o “século do fato”, em que o raciocínio comanda a verificação de todos os sucessos, desfazendo a miragem dos sofismas; época das mais belas florações do pensamento sublime e, ao mesmo tempo, das mais estranhas fecundações da animalidade instintiva por apresentar as promessas do porvir e os detritos do passado, no dealbar de nova aurora.
5 Descem os minutos semelhando grãos de areias na ampulheta do Espiritismo, ampliando os conhecimentos da Humanidade; os Espíritos a se manifestarem, aqui e ali, vão escrevendo a história de nossa própria responsabilidade ante as leis do destino.
6 Já não podemos dormir o sono da ingenuidade. Necessário aplicar discernimento em todas as manifestações, sem copiar a instabilidade doudejante do cata-vento.
7 A matéria não pensa e, por outro lado, pensamentos esvoaçantes não conduzem a qualquer meta construtiva.
8 Registra-se a vida humana em regime de penhora. O corpo é a caução.
9 Se somos cristãos cujo figurino se adaptou às regras modernas, nem por isso poderemos pautar nossos atos pelos códigos cediços da moral de aparências por fora e de enganos por dentro.
10 Nosso coração deve viver em mil corações que nos rodeiam.
11 Assim, premia com o olhar de indulgência a quem te fere, recordando que possuímos colegas de experiência terráquea a viverem, do berço ao túmulo, entre o presídio e o hospital, até desaparecerem fazendo da ambulância o carro fúnebre, constantemente dilacerados pelas farpas de amargoso caminho…
12 E estende o óbolo da atenção a quem te intercepte o passo, cultivando a fraternidade espontânea, como quem sabe que amanhã não podes prescindir do amparo desse ou daquele companheiro desconhecido.
13 Trabalhemos e trabalhemos… Desistamos da peleja inglória de tentar, inutilmente, terçar armas contra os jorros imponderáveis da luz…
14 Ação por ação, a tarefa mais nobre será sempre aquela que traz consigo a produtividade no bem puro, pois todos somos credenciados a estender mãos amigas.
15 Quanto mais evoluída a alma, muito maior é o intervalo reencarnatório que desfruta na Espiritualidade Superior, entre duas existências.
16 Se intentas, pois, desferir o voo largo da redenção, não revivas o teu “ontem”, mas sim vive o teu “hoje”!
17 Abre sorrisos, verte lágrimas, lança ideias, cria palavras e esparze ações, mas utiliza todas essas possibilidades para servir, construindo monumentos de amor ao próximo, enxugando o suor do povo na sublime oportunidade do presente, porquanto somente existe essa condição, abençoada e irrecusável, para diminuirmos os estágios de prova e de aflição no cenário terrestre.
Lameira de Andrade