1 Senhor!
No concerto das forças que Te desejam honrar, eu também sou Teu servo.
2 Por me atribuíres o dever de premiar o suor e sustentar o bem, como recurso neutro de aquisição, ando, entre as criaturas, frequentemente, em regime de cativeiro.
3 Muitas delas me escravizam para que eu lhes compre ilusões e mentiras, prazeres e consciências.
4 Noto com mais nitidez minha própria tarefa, cada vez que escuto alguém chorar no caminho; entretanto, quase sempre, estou preso…
5 Que fiz eu, Senhor, para viver encarcerado no sombrio recinto do cofre, como se eu fora um cadáver importante no esquife trancado da inércia?
6 Ensina aos que me guardam sem proveito que sou o sangue do trabalho e do progresso, da caridade e da cultura e auxilia-os para que me libertem.
7 Quase todos eles procuram estar contigo, através da oração, nos templos que abraçam.
8 Dize-lhes na prece que sou a esperança do lar sem lume…
9 Fala-lhes que posso ser o conforto das mães esquecidas, o arrimo dos companheiros caídos em provação, o leite devido aos pequeninos de estômago atormentado, o remédio ao enfermo e o lençol generoso e limpo dos que se avizinham do túmulo…
10 Um dia, alguém Te apresentou moeda humilde, empenhada ao imposto público para que algo dissesses e recomendaste fosse dado a César o que é de César.
11 Muitos, porém, não percebem que Te reportavas ao tributo e não a mim, e julgando que a Tua palavra me condenasse, lançaram-me ao desprezo…
12 Não ignoras, contudo, que nasci para fazer o melhor e, esteja eu vestido de ouro ou de simples papel, sabes, Senhor, que eu também sou de Deus.
Meimei