O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Intercâmbio do bem — Familiares diversos


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José Tadeu Banchi

24 NOVEMBRO 1954 — 28 AGOSTO 1971

“Como é grande o amor materno, principalmente quando este filho é sua alma gêmea…”

Assim Chico Xavier se referiu a D. Maria Aparecida, genitora deste jovem valoroso.

Estas palavras sintetizam tudo o que José Tadeu representa para a família, de sólida formação cristã, que se viu diante de situação tão difícil, com a partida do filho.

As várias mensagens que José Tadeu enviou pelas mãos de Chico Xavier vêm confirmar a grandeza espiritual deste jovem, em clara demonstração de que a evolução do Espírito se processa através das sucessivas reencarnações, e que seu comportamento é reflexo da bagagem espiritual acumulada nos séculos…

Nascido em Corumbataí (SP), retornou ao Plano Espiritual, na cidade de Casa Branca (SP), onde residia e cursava o 3.º colegial.

Estudante consciente, de fácil relacionamento com colegas e professores, foi diretor do Grêmio Estudantil.

Os pais, Aparecida Maria e Ângelo Banchi, os irmãos, Maria Gioconda, casada com o Dr. Paulo Komatzu, Maria Ângela e Ângelo Domingos, casado com Maria Aparecida Nascimento Banchi, formam aqui na Terra, o núcleo familiar que dá a necessária sustentação afetiva ao José Tadeu que, por sua vez, da Vida Maior vela pelos entes queridos.




MENSAGEM


1 Querida mamãe, como sempre aconteceu, peço a sua bênção e seu sorriso para mim.

2 Ficaria contente se pudesse escrever, traduzindo felicidade; no entanto, estamos assim como quem se comunica, através de obstáculos em que, a meu ver, só o pensamento e a palavra são meus.

3 Não sei explicar o que se passa. Não cheguei a estudar ou pensar em nada disso. Ainda assim, querida mamãe, ouvi suas rogativas em nosso quarto da Rua Ipiranga, escutei seus pedidos, à frente de minhas lembranças e, se pudesse, teria aparecido positivamente diante de seus olhos, não só para beijá-la com as minhas lágrimas de gratidão e carinho, mas também para rogar ao seu coração para não fazer intimações a Deus.

4 Mesmo assim, mãezinha, creio que Deus é um Pai que nos recebe as preces sorrindo, compadecendo-se de nossas incompreensões, e especialmente para as mães, Deus terá ouvidos diferentes… Saberá envolvê-las em amor infinito, tanto quanto nossas queridas mães nos envolvem no mundo.
Lembro-me de tudo isso para pedir a sua resignação e serenidade.

5 Mãezinha, veja aí o Ângelo, a Gioconda, e pensemos em nossa Maria Ângela, com as preces por meu pai, que repito hoje com todo o meu coração. Com todo o meu coração, peço igualmente a Jesus por seu fortalecimento.

6 Vovó Gioconda n me trouxe para dizer-lhe que viva, que é impossível a senhora esquecer tantas bênçãos para fixar-se na ideia de morte. O tempo que já passou sobre aquela ocorrência triste nos veículos não me mudou ainda, porque o seu pranto, querida mãe, me prende naturalmente à nossa casa.

7 Não posso dizer que sou infeliz. Tantos amigos bons aqui me amparam. Meu avô Ângelo, o irmão Domingos e tantos companheiros da família me auxiliam a esperar — a esperar por dias melhores, mas esses dias melhores estão em suas queridas mãos.

8 Ângelo, em Campinas, Gioconda, perto de Rio Preto, e nós ficamos mais concentrados um no outro, conquanto os cuidados pela mãezinha.
E escuto o seu coração conversando, dias inteiros, e, à noite, observo o seu esforço, querendo sonhos em que seu filho apareça.

9 Mamãe, auxilie-me. Eu sei que, se a senhora soubesse de minha necessidade, seria a primeira pessoa a libertar-me. A senhora me cobriria contra o frio da solidão e me deixaria internado em qualquer educandário, onde fosse acolhido para progredir e melhorar. Tudo faria o seu carinho por mim, desde que me visse — eu sei!

10 Mas venho assim mesmo, sem ser notado por seus olhos queridos, para suplicar: “Mamãe, viva para nós, existe outra vida; seu filho não morreu”.

11 Aquele carro grande — a perua — que me colheu de impacto, estragou apenas a veste que eu possuía na Terra para efeito de relacionamento.

12 Vinha de Vargem Grande tão despreocupado, que só pensava em futuro feliz, quando tivesse o meu lar. Mas não estava distraído. Vinha pela estrada muito consciente, e o choque havido foi como se eu estivesse num quadro de guerra…

13 Perdi totalmente a noção de mim mesmo e, quando acordei em outro clima, a senhora pode imaginar, sem que eu diga, tudo aquilo que sucedeu.

14 É tão clara a vida espiritual, que não aceitei de imediato a ideia de que já não conseguiria voltar à nossa casa. Daí para cá, surgiu a luta maior a que me refiro: seu coração a lembrar-me e o meu coração a prender-se, mas a prender-se com a ternura da ave que agradece o calor do ninho em que se desenvolveu.

15 Não posso melhorar tanto quanto desejo, enquanto estiver a vê-la no suplício silencioso em que ambos nos vemos.

16 Mãezinha, pense em Jesus. Vovó Gioconda recorda os dons da oração. Se nos voltarmos para Deus com fé verdadeira, isto é, com a certeza de que a vida não termina em ocorrência alguma, tudo será renovado.

17 Peço à Gioconda que nos ajude, ao mesmo tempo que envio lembranças ao nosso amigo Komatsu. A irmã é tão carinhosa, o nosso caro Ângelo é tão devotado a nós!

18 Mãezinha, fique tranquila. Fortalecendo-se, eu estarei fortalecido, porque ainda agora a sua força é a força que eu tenho.

19 Lembro-me, sim, de seus conselhos, referindo-se ao meu “namoro assim tão cedo” Eu sei que as suas preocupações eram justas, mas não julgue que alguém tivesse culpa no acidente havido.

20 Mamãe, nós não sabemos esclarecer como é isso, entretanto, os fatos da vida estão encadeados, embora a Bondade de Deus altere isso com aquilo, em nosso benefício. Pense com fé, porque, pelos raciocínios, ainda me sinto fraco demais para convencer alguém. Não interpele a Deus, mamãe, perguntando por quê…

21 Abrace-me quando pensar em mim. Não mentalize aquela urna fechada; imagine meu rosto junto ao seu. Quero alegrar-me outra vez com a sua alegria, sentir-me abençoado com a sua bênção.

22 Tudo estará bem, se a senhora ficar bem.
E pensemos nos outros rapazes que precisam de mães na Terra. Mamãe, auxiliando aos outros, receberemos auxílio maior.

23 Desejava escrever mais, entretanto, não posso. Devo terminar esta carta com os meus agradecimentos a quantos me ajudaram a fazer-me sentir.

24 Querida mãezinha, peço a Deus por meu pai e coloco o meu coração em suas mãos. Olhe, mamãe, que o meu coração está envolvido nas suas lágrimas, porque as que tenho chorado de saudade e de esperança estão no seu. Abraço os irmãos queridos e beijo a sua face querida, repetindo que a senhora é e será sempre a nossa estrela.
Deus a recompense, mamãe.

25 Muitos beijos do seu filho, sempre seu e sempre mais reconhecido,

José Tadeu

José Tadeu Banchi  

10 de outubro de 1975. 


Caio Ramacciotti

Paulo de Tarso Ramacciotti



[16] Gioconda Molinari Farina, Ângelo e Domingos Banchi, avós, desencarnados, respectivamente, em 1951, 1943 e 1957.


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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