1 Compreende-se que a ignorância induza o homem à incredulidade e à violência, porquanto obsessão e loucura podem assaltar a todos aqueles que abdicam do raciocínio e do estudo. 2 Entende-se, também, que a ilusão incline a criatura para a vaidade e para o vício, de vez que paixão e egoísmo cegam facilmente a quem se compraz no desequilíbrio ou se habitua à ociosidade.
3 Entretanto, como explicar a gana dos que ajuntam posses e posses, sem qualquer proveito para si mesmo ou para os outros, quando sabem pela experiência dos próprios antepassados que esbarrarão com novo câmbio, nas fronteiras da morte?
4 Para que tanta carga se apenas conseguirão transportar os valores que carreiam consigo?
5 Além disso, além dessa megalomania no terreno das posses materiais, temos outras espécies de avareza. 6 Aqui e ali, surpreendemos sovinas de honras e vantagens, ciosos de estima e ganho, que almejariam carregar, para além do túmulo, títulos e pertences, quando se encontram absolutamente certos de que nada mais levarão para lá da morte senão a si mesmos.
7 Indiscutivelmente, é preciso amar a tarefa que a vida nos atribui para que ela seja executada com segurança, no entanto, é forçoso que a nossa dedicação não se transforme em apego excessivo, como se fôssemos árvores dispostas a devorar os próprios frutos; 8 por outro lado, é justo que o nosso desprendimento não se faça irresponsabilidade, qual se trabalhássemos longo tempo numa obra prima de estatuária, a fim de entregá-la, voluntariamente, a injúria de malfeitores.
9 Saibamos conquistar com equilíbrio e honestidade os bens da vida que o Senhor nos empresta, fazendo-os prosperar em serviço e progresso, educação e beneficência, na felicidade geral. 10 Possuir, sim, mas não sermos possuídos, porque os possuídos, quase sempre, estão possessos.
Emmanuel