1 Querida mamãe Brandina, n peço a sua bênção.
2 Ainda me reconheço vacilante, quanto ao restabelecimento das próprias forças, mas me sinto reconfortado ao trazer-lhe as novas de minha situação.
3 A vovó Rosa n me acolheu nos braços, quando me vi despejado do corpo, na força silenciosa e invencível de uma longa parada cardíaca.
4 A princípio, tudo em seu filho era medo e indecisão. Cheguei a fechar os olhos para não ver quem me estendia os braços com tamanha bondade, mas o sono me absorveu.
5 Não era preciso haver cerrado as portas da visão, porque, por dentro de mim, a própria mente como que apagara.
6 Creia que os meus últimos pensamentos foram para Deus, para o seu coração de mãe, para a nossa Maria Helena e para os filhos queridos. n
7 Tudo, porém, naquela hora se desfez no campo do esquecimento repentino, que me tomou a cabeça. Acordando em seguida, compreendi sem dificuldade o meu novo posicionamento.
8 O problema encontrou uma solução rápida demais, porque de uma simples sensação de desconforto, me transferi para o ponto final da curta mudança de dois a três dias.
9 Creia, mamãe, que os nossos médicos amigos fizeram quanto possível para que não me perdesse do próprio corpo naquele instante, no momento da liberação a que me referi.
10 Lembro-lhes ainda os cuidados e as massagens, derradeiras impressões que me ficaram da despedida. E peço-lhe continuar valorosa em sua fé na Divina Providência.
11 O Ailson e a Rosa n estão aí precisando de seus cuidados, e a nossa Maria Helena igualmente encontra em seu devotamento um apoio certo. Peço de sua bondade não se impressionar se a companheira demonstrar tanto interesse pelas crianças. A senhora naturalmente se entristeceria tanto quanto eu mesmo, se víssemos a nossa Maria Helena indiferente à sorte dos meninos. Ela é sempre a companheira dedicada que tanto auxiliou a seu filho, e conto com sua compreensão.
12 O Denilson precisava efetivamente de uma assistência mais ampla, embora a esposa e eu saibamos que os netos encontrarão sempre abrigo e defesa em seu carinho de avó. Auxilie a nossa querida companheira deixando-a em liberdade para assumir os encargos que ela soube constantemente cumprir, e saberá sempre solucionar com a diligência e a bondade que lhe conhecemos.
13 Quanto a mim, recorde-me criança em seus braços. Mães e filhos nunca se separam. Ainda mesmo que a morte do corpo tudo transforme externamente, filhos e mães se comunicam no desconhecido de Deus, adivinhando o que sentem e o que pensam da vida e de si mesmos.
14 Querida mamãe Brandina, o apoio da Vovó e as forças do coração paternal do nosso Orlando n me auxiliam até agora, e farei força para retribuir algum dia.
15 Muito grato por suas orações e lembranças. Tudo tenho recebido por dentro do coração e agradeço a Jesus a querida mãezinha que me deu.
16 Com muito amor no carinho respeitoso de todos os dias, reúno-a com a nossa querida Maria Helena e com os filhinhos e com os irmãos queridos num só abraço, o seu filho devedor, que pede a Deus por sua paz e felicidade.
17 Um beijo do seu filho, sempre seu,
Adilson
1 Querida mãezinha Brandina, abençoe-me.
2 O seu carinho pede uma carta e aqui a tem. Vou melhor, buscando edificar-me em seus exemplos de agrado alto e dedicação ao próximo.
3 Pois é, querida mamãe, tudo passou como se estivéssemos sonhando. Uma fajuta imagem de saúde que eu não tinha e um marcapasso que não chegou a ser emplacado. O espírito continua forte, mas o coração era fraco é não pude me defender daquela hora fria que eu não desejava.
4 Agradeço tudo o que vem fazendo em meu auxílio. Os meninos estão crescendo e por isso é que se alteram.
5 — Andorinha só fica no telhado até que não possa voar em grandes lances. Não se incomode se o Denilson, se a Tânia e se a Juliana estão mudando à maneira dos cenários.
6 O ninho é seu amor mesmo e desse amor nem eu, supostamente livre pela liberação do corpo pesado, não consigo me distanciar.
7 Tenho colaborado com a nossa querida Rosa n para que ela se harmonize com o escritório, e confio na irmã dedicada que a bondade do céu mantém ao seu lado.
8 O Ailson igualmente será amparado e tudo vai caminhando para melhores condições de vivência e realização para cada um de nós.
9 Mamãe Brandina, agradeço ao meu relógio de ouro n tudo o que fez em meu auxílio, marcando as minhas horas de paz e felicidade que continuam em minha lembrança.
10 Nunca supus que um relógio fosse um tesouro qual o meu, que me acompanhou sempre, lembrando-me que eu havia nascido para o trabalho e para a felicidade.
11 Agradeço a Deus por todos os brindes de paz e alegria que recebi da vida e acima de tudo, sou grato ao seu amor que me arrancou de mim próprio para entender a importância mesmo aparentemente insignificante que se entrega a um irmão retido para tratamento espiritual ou a um doente infeliz. Muito grato ao seu carinho, dona Brandina Lombardi. n
12 O vovô João e a vovó Maria n são meus benfeitores, E tenho outros colhidos na lavoura da família, mas essas notícias ficam para outra vez.
13 Depois escreverei mais.
14 Com um beijo em suas mãos queridas, seu filho e seu companheiro de agora e de sempre,
Adilson
1 Querida mamãe Brandina, o seu carinho me pede uma carta de Natal e estou em dificuldades para satisfaze-la.
2 Uma carta de Boas Festas não deve conter qualquer impressão negativa, e ando apreensivo com o trabalho excessivo de nossa querida Rosa n no escritório. Aquela dose de serviço não é para menina que minha irmã ainda é.
3 Estou pensativo e sou eu que lhe peço alegria para não me deprimir com as perspectivas do amanhã. Apesar de tudo, o otimismo vem de Deus e não posso me esquecer disso.
4 Peço seja dito à querida irmã, que darei por bem feito o que for por ela resolvido e espero que Maria Helena, a Tânia e o Denilson se aproximem um tanto mais do seu carinho de mãe para que me tranquilize.
5 Mamãe Brandina, Deus nos protegerá com os recursos certos. O Ailson e a Rosa serão auxiliados, e com paciência vencerão todos os obstáculos.
6 A senhora sabe que morte repentina é assim como o despejo compulsório da gente. Não consegui preparar situação nenhuma sem que a família se reorganizasse seu trabalho maior. Mas a realidade não deve conter fantasia, e a luta se revela à nossa frente, compelindo-nos a aceitar o melhor caminho.
7 A vovó Rosa e o vovô Belarmino n têm me prestado grandes serviços. Estou agradecido. Compreendo tudo e vou seguindo para a frente. Há muito que fazer por dentro de mim próprio e não posso desanimar.
8 Envio lembranças a todos. Tenho acompanhado a sua presença na assistência aos irmãos presos, n percebendo que, de minha parte, estou igualmente preso a compromissos que não posso olvidar e por isso tornou-se para mim uma grande alegria segui-la de perto em suas peregrinações de fraternidade.
9 Lembranças à nossa Rosinha, irmã e companheira, e esperemos por melhores dias.
10 Em meu relógio n deixei escrita a frase Feliz Natal, e a senhora sentirá isso comigo. Por hoje, dona Brandina, não posso escrever mais.
11 Com o seu coração de mãe, fica o carinho total do filho sempre seu,
Adilson
1 Querida mãezinha Brandina. Já sei porque você está nesta vigília da madrugada. É a recordação dos meus três anos de vida espiritual, completados no dia 14, que a prende aqui.
2 Agradeço seu carinho e peço-lhe transmitir o meu contentamento aos queridos irmãos Ailson, Sirlene, Rosa e José Luiz, n sem me esquecer do nosso Denilson e das irmãs queridas, que lhe deixei por netos da alma.
3 Querida mãezinha Brandina, agradeço a festa do meu pobre aniversário espiritual que você levou aos nossos irmãos encerrados na reclusão de reeducandos iluminados de esperanças.
4 Agradeço ao meu querido relógio que compartilha de todas as nossas ocorrências tranquilas ou inquietantes. A sua bondade de mãe terá as palavras de agradecimento para pintar os meus sentimentos de radiante gratidão que ainda não tenho.
5 Sei que os preços da vida de hoje no cotidiano da Terra lhe impedem a constância junto aos nossos irmãos detentos, mas entendo que o seu carinho de operária do Cristo não parou de agir, e que voltará à casa dos detentos quantas vezes puder, a fim de espalhar a luz da esperança com aqueles que estão distanciados do lar.
6 Mãezinha Brandina, os assuntos são numerosos e por isso me interrompo aqui de maneira a lhe dizer que o meu relógio continua tendo o melhor lugar em minhas recordações, e que neste instante é com muita gratidão e reconhecimento que lhe trago a alma toda de seu filho
Adilson
1. Introdução
Antes de quaisquer considerações sobre as páginas que acabamos de ler, esclareçamos ao leitor amigo que resolvemos modificar a disposição das mensagens recebidas pelo médium Xavier e dos nossos respectivos comentários, neste volume, visando ao maior aproveitamento do espaço disponível, com a consequente redução do número de palavras e o barateamento do custo do livro, tornando a leitura mais agradável.
Os nossos apontamentos saem, agora, em tipo normal, sem nenhum título, a partir do próximo capítulo.
Os autores espirituais estão dispostos em ordem alfabética.
Achamos por bem titular as mensagens dos Espíritos que aparecem no livro com somente uma peça mediúnica.
Ao citar as datas de recebimento, fica implícito que todas as mensagens foram psicografadas ao final da reunião pública do Grupo Espírita da Prece, em Uberaba, Minas Gerais.
Isto posto, agradeçamos a Jesus pelo ensejo de continuar trabalhando em Sua abençoada Seara, não obstante o nosso passado de pesadas dívidas cármicas a serem, a pouco e pouco, ressarcidas. (Elias Barbosa)
2. As mensagens de Adilson Lombardi.
De uma entrevista que fizemos com D. Brandina Rosa de Jesus, em nosso consultório, na tarde de 4 de abril de 1983, colhemos os seguintes dados sobre o seu filho desencarnado.
Filho de Orlando Lombardi e de D. Brandina Rosa de Jesus, nasceu Adilson Lombardi em Uberaba, Minas, a 5 de julho de 1942, desencarnando nesta mesma cidade, a 14 de abril de 1980, em consequência de parada cardíaca, tendo se submetido, cinco anos antes, a tratamento com cardiologista, devido a problema de bloqueio átrivo-ventricular.
Internou-se, às 20:00 horas, no hospital especializado, para os necessários exames, desencarnando às 22:30 horas, antes que lhe fosse providenciado o marcapasso.
(Recebida a 5 de julho de 1980)
1 — “Mamãe Brandina”: residente em Uberaba, à Rua Rodolfo Machado Borges, n.º 480, apartamento 4, fone: 034 3332-9149.
2 — “Vovó Rosa”: D. Rosa Carolina, avó materna, desencarnada a 20 de novembro de 1948.
3 — “Nossa Maria Helena e os filhos queridos”: D. Maria Helena, esposa, residente em Uberaba, com os filhos Denilson, de 15 anos; Tânia, de 14, a Juliana com 6 anos de idade, por ocasião da entrevista.
4 — “Ailson e Rosa”: irmãos do comunicante, residentes em Uberaba.
5 — “Nosso Orlando”: pai, desencarnado a 19 de julho de 1970.
Importante, na mensagem, a referência ao esforço despendido pelos seus médicos, para que Adilson permanecesse no Plano Físico, demonstrando-nos que, com efeito, tudo devemos fazer em benefício de quem se abeira da desencarnação.
(Recebida a 27 de junho de 1981)
6 — “Nossa querida Rosa”: trata-se da Srta. Rosa Angélica Moreira da Silva, irmã que ficou tomando conta do seu Escritório de Contabilidade.
7 — “Mamãe Brandina, agradeço ao meu relógio de ouro tudo o que fez em meu auxílio, marcando as minhas horas de paz e felicidade, que continuam em minha lembrança.” — O relógio de ouro a que se refere o Espírito, inclusive no parágrafo subsequente, é um símbolo de que se serve para tratar de um assunto, que somente a sua genitora poderia compreender.
8 — “Dona Brandina Lombardi”: conquanto não assinasse o Lombardi, Adilson costumava assim se referir à sua mãezinha, alegrando-a com esse detalhe.
9 — “Vovô João e vovó Maria”: trata-se do bisavô paterno, Sr. João Lombardi, e da bisavó materna, D. Maria Carolina, ambos desencarnados.
(Recebida a 12 de dezembro de 1981)
10 — “Nossa querida Rosa”: remetendo o leitor ao item 4 da 1ª Mensagem e ao item 6 da 2ª Mensagem, inteiremo-nos de que, com efeito, segundo D. Brandina, a irmã Rosa, por vezes, se sentia muito ansiosa ante as grandes responsabilidades do Escritório de Contabilidade.
11 — “Vovó Rosa e vovô Belarmino”: 1. Vovó Rosa: Cf. item 2 da 1ª Mensagem; 2. Vovô Belarmino: Sr. Belarmino Graciano da Silva, avô materno.
12 — “Tenho acompanhado a sua presença na assistência aos irmãos presos…” — Na verdade, D. Brandina vinha trabalhando com muito entusiasmo, junto aos nossos irmãos presidiários.
A propósito, pedimos vênia para recordar que o médium Xavier, desde 1959, em Uberaba, costuma recomendar aos pais de criaturas com tendência acentuada ao suicídio, para que ajudem aqueles nossos irmãos buscando com isso o socorro das mãezinhas desencarnadas dos referidos reeducandos, junto aos filhos — suicidas reencarnados —, livrando-os de reincidirem na mesma prática que os infelicitaram no passado remoto ou recente.
Em nossa experiência médica de mais de vinte anos de consultório, temos constatado a importância de semelhante recomendação, a única, de resto, que funciona.
13 — “Em meu relógio” — Mais uma vez, volta o Espírito a se comunicar, de forma simbólica, com sua genitora, dando-lhe provas irrefutáveis de ser ele mesmo o autor da mensagem.
(Recebida a 16 de abril de 1983)
14 — Ailson, Sirlene, Rosa e José Luiz: irmãos do comunicante.
Das seis mensagens de Adilson Lombardi, parece-nos que a tônica de todas elas é a prática da caridade junto aos nossos irmãos “encerrados na reclusão de reenducandos iluminados de esperança.”
Lembrando-nos, com Allan Kardec, de que “fora da caridade não há salvação”, entendendo-se a salvação como sendo a nossa libertação espiritual, procuremos, jubilosos, acatar as justas recomendações que o filho desencarnado endereça à sua mãezinha querida, estudando, com denodo, os princípios da abençoada Doutrina que a todos nos irmana.
Elias Barbosa