1 Meu irmão, se tu já sabes
Que a vida nunca termina,
Renova-te, enquanto é tempo,
A bênção da Luz Divina.
2 Ninguém renasce na Terra
Para dar-se ao gozo vão.
Mas para multiplicar-se
Em obras de perfeição.
3 Aquele que foge à luta,
Temendo a infelicidade,
Despreza, sem perceber,
O dom da oportunidade.
4 A dor, o charco, o espinheiro,
O dissabor e a ferida
Expressam, em toda parte,
Sagradas lições da vida.
5 Os desafios da sorte
E as dolorosas contendas
Trazem sempre ao nosso meio
Avisos e corrigendas.
6 Nas flores envenenadas,
No afeto que desilude,
Podemos consolidar
A plantação da virtude.
7 Junto à boca enegrecida
Que nos condena ou magoa,
Seremos iluminados
Na glória de quem perdoa.
8 Na cruz de sarcasmo e fel,
De desencanto e aflição,
Ditosos encontraremos
A paz e a ressurreição.
9 Melhora-te, pois, e esquece
A senda resvaladiça.
Ninguém escapa ao rigor
Dos tribunais de justiça.
Casimiro Cunha
|