1 Inicia o teu trabalho,
Rendendo-lhe santo apreço.
Não há fim vitorioso
Onde não há bom começo.
2 Quem te leva à tempestade
Inclina-te ao desabrigo.
Quem te afasta do perdão
Não pode ser teu amigo.
3 O pobre rixoso e mau,
Soberbo, rude e violento,
É muito pior que o rico
Que se fez duro e avarento.
4 Quem constrói, quem cose e lava,
Quem ara, quem planta e fia
Estende os clarões do Céu
No campo de cada dia.
5 Eleva-te, pouco a pouco,
Para o cimo da montanha.
Muita vez, quem mais abarca
É aquele que menos ganha.
6 Conta bastante contigo.
Certas graças e favores
Começam com riso e festa
E acabam em grandes dores.
7 Não teimes ante a bondade.
Serve, ampara e renuncia…
A cabeça muito dura
Quase sempre está vazia.
8 Não te aflijas. Sobre a Terra
Onde tudo surge e passa,
Não há gozo sem limite,
Nem há sombra sem fumaça.
9 Nos pareceres dos outros
Nem sempre há muita valia.
Há sarcasmo que te exalta
E há louvor que te injuria.
Casimiro Cunha
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