1 As bolotas de carvalho
Produzem copas divinas.
Atende ao dever miúdo,
Olha as coisas pequeninas.
2 Se procuras neste mundo
A luz de valor mais raro,
Caleja as mãos trabalhando
E aprende a pagar mais caro.
3 Entre um monte de ouro puro
E meio quilo de pão,
A fome, que é verdadeira,
Não padece indecisão.
4 Não te agastes, vida afora,
Seja a quem for, faze o bem.
Cada tonel do caminho
Somente dá do que tem.
5 Seja teu verbo na vida
Bem sentido, bem pensado,
Quem dorme, acusando os outros,
Desperta caluniado.
6 Administras? Diriges?
Sê claro, justo, fiel…
O juiz muito piedoso
Faz o povo mais cruel.
7 Cuidado, se peregrinas
A beber e pandegar.
O copo afoga mais gente
Que toda a extensão do mar.
8 Há muita boca que fala
E muita língua que exorta,
Mas à Casa do Serviço
Quase ninguém chega à porta.
9 Por mais negra seja a hora,
Continua calmo e crente.
Não há guerra ou tempestade
Que durem eternamente.
10 Trabalho, estudo, oração,
Preguiça, paixão e vinho,
São processos diferentes
Que mudam qualquer caminho.
Casimiro Cunha
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