1 Coração que não se abre
À sementeira do amor
Não guarda com segurança
A luz do Consolador.
2 Muita leitura sem obras
De ensino e consolação
Traz a flor parasitária
Da inútil conversação.
3 Desalento choramingas,
Em pranto sempre a correr,
Expressa, frequentemente,
Muito serviço a fazer.
4 Comentários contra ingratos,
Verbo amargoso e violento,
São tristes revelações
No anseio de isolamento.
5 Discursos sem caridade
— Fraternidade sem portas —
Tribunas que não amparam
São sinais de fontes mortas.
6 Fadiga de todo instante,
Chorosa, escura e cediça,
Traduz, sem contestação,
Fragilidade e preguiça.
7 Cabeça muito ilustrada,
Sobre a vida em calmaria,
É urna lavrada em ouro,
Muito nobre, mas vazia.
8 Entusiasmo eloquente,
Sem atos de amor cristão,
É fogo de palha seca
Em bolhas de água-sabão.
9 Sublime conhecimento,
Distanciado do bem,
É tesouro enferrujado
Que não ajuda a ninguém.
10 Banquetes da inteligência,
Sem Jesus suprindo a mesa,
São brilhos da força bruta
Em pedras da natureza.
Casimiro Cunha
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