1 Realmente, não há desamparado diante do Senhor, mas há uma espécie de orfandade que nos convoca em toda parte, à maiores reflexões, quanto ao dever de amparar a vida que nos cerca.
2 Referimo-nos às necessidades múltiplas que nos reclamam o esforço e a tolerância na prática efetiva do bem.
3 Em verdade, será sempre louvável a construção de casas e refúgios, creches e hospitais, onde as crianças sem lar encontrem abrigo e medicação.
4 Todavia, não olvidemos o mundo das criaturas inferiores e das cousas, aparentemente sem importância, que nos rodeia.
5 Aí, vemos quadros inquietantes que efetivamente nos ensombram e afligem.
6 Não é somente o painel escuro do irmão em Humanidade, que vagueia sem rumo, a única porta de dor a pedir-nos trabalho assistencial.
7 É também a terra empobrecida, necessitada de adubo e sementeira vivificante.
8 É a árvore benfeitora, relegada ao abandono.
9 É a fonte intoxicada, que nos solicita proteção e carinho.
10 É a casa desmantelada, rogando atenção e limpeza.
11 É a via pública que nos compete defender e respeitar, pedindo-nos bondade e higiene.
12 É o animal que nos auxilia, endereçado por nossa inconsequência ao cansaço, à sede e à fome, suplicando-nos alimento e repouso.
13 É a ferramenta que sentenciamos à ferrugem e ao esquecimento prejudicial.
14 À essa orfandade triste, que nos desafia, em todos os setores da luta terrestre, podemos prestar o melhor concurso, — o concurso da bondade silenciosa e diligente, — que nos trará a resposta do progresso e do bem-estar de todos.
15 Não esquecer que somos responsáveis pela região de serviço que nos sustenta.
16 Não condenes à orfandade os instrumentos de trabalho em que a tua missão na Terra se desenvolve.
17 Cuida de assistir aos seres e às cousas do próprio caminho, com os mais elevados sentimentos do coração, e receberás a constante assistência da Bondade Divina, — luz da vida a brilhar perenemente no caminho de todos.
Emmanuel