1 Em plena mediunidade,
Quase sempre, no começo,
O médium larga o serviço,
Entre os muitos que conheço.
2 Maricotinha Duarte
Que mostrava tanta fé,
Largou-se do compromisso,
Alegando dor no pé.
3 Outra jovem que deixou
O trabalho que fazia,
Dizendo-se fatigada
Foi Adelaide Sofia.
4 Afirmando-se incapaz,
Divina da Conceição,
Mudou-se caçando ouro
Na fazenda do Lajão.
5 Foi grande a infelicidade
Do irmão Juquinha Teixeira,
Não mais ajudou nos passes
E tombou na bebedeira.
6 Falando em grande cansaço,
Largou-nos o irmão Joaquim,
Mas foi visto obsedado
Comendo terra e capim.
7 Fez muita falta, no Centro,
A nossa irmã Lia Ernesta,
Não quis mais servir de médium
E morreu em vinho e festa.
8 Reclamando contra os Céus,
Adão, de Campina Rasa,
Escondido num recanto,
Nunca mais saiu de casa.
9 Liliu deixou de servir,
Afirmando-se magoado,
Mais tarde estava na rua
Revelando-se aleijado.
10 Vendo o trabalho aumentando
No Centro, sempre mais cheio,
Gil falou que precisava
Morar no Sítio do Meio.
11 Deixou-nos para beber
O amigo Tito Mateus;
Embriagado gritava
Que “O mundo é bola de Deus”.
12 Mas atitude infeliz
Foi a de Tuca Medina,
Desertou de casa e Centro
E caiu na jogatina.
13 Doeu-nos o afastamento
De Lino, bom companheiro;
Quis viver, de luta em luta,
Por mais terra e mais dinheiro.
14 Vi muitos médiuns no mundo
Com tarefa interrompida,
Mas se acharam simplesmente
Com mais privação na vida.
15 Muitos encontro no Além,
Com alarde ou sem alarde,
Lamentando o que fizeram
Mas chorando muito tarde.
Cornélio Pires
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