1 O ancião ia continuar, quando o pequeno João Veloso, que seguira toda a história, atentamente, ansioso por explicações, interrogou com intensa curiosidade:
— Vovô, quem são os príncipes, filhos do Grande Rei?
— São os homens, — respondeu o ancião, sem hesitar, — os homens e as mulheres do mundo, donos de sublimes riquezas que não sabem aproveitar.
2 Cipião pensou um momento e continuou:
— Para sermos mais claros, devemos proclamar que os príncipes somos todos nós, que viemos a esta grande e abençoada escola, que é a Terra, obedecendo às ordens da Providência Divina… Aqui encontramos a bênção do dia e da noite, do trabalho e do repouso, com mil oportunidades de conquistar a sabedoria e a luz, a elevação e a santidade… 3 Desde o primeiro dia de luta, recebemos a carinhosa assistência de nossos pais, Crescemos entre dádivas sublimes da Natureza, com todas as facilidades que o Poderoso Senhor nos concedeu. Apesar disso, porém, embora a beleza e a glória do educandário a que fomos conduzidos pela Bondade Celestial, por algum tempo, a fim de que possamos adquirir conhecimento e virtude, perdemos quase todo o tempo na preguiça e, orgulhosos, acreditamo-nos senhores da Criação… 4 Quase sempre começamos em pequeninos a fugir de nossos deveres, a desprezar o trabalho, a esquecer os estudos que nos tornarão mais sábios e melhores, a oprimir a Natureza, a olvidar os direitos do próximo e, por isso, esbarramos na cegueira da descrença, nas feridas do mal, no frio do desânimo ou nas destruições da guerra…
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Veneranda