1 QUANDO a criançada pediu ao velho Cipião lhe falasse do amor que Jesus dedicava aos meninos, o ancião de cabelos nevados contemplou longamente o céu, como quem procurava recordações distantes, e informou:
— Oh! sim! O Cristo, Nosso Senhor, amava os pequeninos com todo o coração e costumava acolhê-los no próprio regaço…
2 A observação inicial do velhinho realizara o milagre do silêncio. Todas as crianças aguçaram ouvidos, atentas. Até os meninos maiores, que estimavam a brincadeira barulhenta, aproximaram-se dele, respeitosos, à escuta.
3 Satisfeito com a atenção geral, o narrador fez uma pausa comprida, sorriu e continuou:
— Os apóstolos, de quando em quando, repreendiam a petizada, mas o Mestre chamava novamente os pequenos, acariciando-os, cheio de amor…
4 Nesse ponto, Dolores, a menorzinha do grupo, interrompeu a narrativa, perguntando:
— Vovô Cipião, Jesus contava histórias aos meninos?
— Oh! Como não! — Exclamou o bondoso velho. — Contava muitas…
— O senhor sabe alguma, vovô? — Tornou a pequenina curiosa.
5 Cipião, trêmulo, amparou-se no antigo cajado para melhor acomodar-se sob a copada árvore da praça grande, ergueu de novo os olhos embaciados para o céu muito azul da tarde brilhante, e respondeu:
— Sim, eu sei uma história que o Mestre contou aos meninos galileus…
— Conte! conte!…
— /// —
Veneranda