1 Durante dois anos o Juiz da comunidade recebia acusações constantes. Certa mulher trabalhava ativamente com tóxicos, criando as maiores dificuldades para a mente infanto-juvenil.
2 Queixavam-se os pais, pedindo providências contra a atitude infeliz da mulher que lhes viciava os filhos menores.
3 Intrigado com tantas denúncias, o magistrado colocou agentes na solução do assunto e acabou detendo a mulher que traficava, em vista dela própria se isolar em recanto suspeito, numa sala iluminada por esquisita penumbra, para atender os clientes.
4 O Juiz assumiu as medidas cabíveis a fim de verificar a extensão do problema, enquanto muita gente se aglomerou diante do foro, no intuito de conhecer os resultados.
5 O Juiz estreitou as providências e exigiu que a mulher se descobrisse.
6 A multidão rompeu em tremenda exclamação, pois reconheceu nela, de pronto, a filha do alto representante da justiça.
7 Sufocado de pranto, o elevado funcionário perguntou à mulher:
— “Pois é você, minha filha, a infeliz que nos agita a cidade?”
8 Cabisbaixa, a pobre criatura deu alguns passos na direção do pai e ambos se abraçaram em lágrimas, enquanto, acompanhando diversos amigos que se afastavam, também eu me retirei do recinto, recolhendo-me ao quarto, a fim de pensar.
Augusto Cezar