“E o mandamento que era para a vida, achei eu que me era para a morte.” — Paulo. (ROMANOS, 7.10)
1 Se perguntássemos ao grão de trigo que opinião alimenta acerca do moinho, naturalmente responderia que dentro dele encontra a casa de tortura em que se aflige e sofre; no entanto, é de lá que ele se ausenta aprimorado para a glória do pão na subsistência do mundo.
2 Se indagássemos da madeira, com respeito ao serrote, informaria que nele identifica o algoz de todos os momentos, a dilacerar-lhe as entranhas; todavia, sob o patrocínio do suposto verdugo, faz-se delicada e útil para servir em atividades sempre mais nobres.
3 Se consultarmos a pedra, com alusão ao buril, certo esclarecerá que descobriu nele o detestável perseguidor de sua tranquilidade, a feri-lhe, desapiedado, dia e noite; entretanto, é dos golpes dele que se eleva aos tesouros terrestres, aperfeiçoada e brilhante.
4 Assim, a alma. Assim, a luta.
5 Peçamos o parecer do homem, quanto à carne, e pronunciará talvez impropriedades mil. 6 Ouçamo-lo sobre a dor e registraremos velhos disparates verbais. 7 Solicitemos-lhe que se externe com referência à dificuldade, e derramará fel e pranto.
8 Contudo, é imperioso reconhecer que do corpo disciplinar, do sofrimento purificador e do obstáculo asfixiante, o Espírito ressurge sempre mais aformoseado, mais robusto e mais esclarecido para a imortalidade.
9 Não te perturbes, pois, diante da luta, e observa.
10 O que te parece derrota, muita vez é vitória. E o que se te afigura em favor de tua morte é contribuição para o teu engrandecimento na vida eterna.
Emmanuel