“Segue-me e deixa aos mortos o cuidado de enterrar os seus mortos.” — Jesus. (MATEUS, 8.22)
1 Jesus não recomendou ao aprendiz deixasse “cadáveres o cuidado de enterrar os cadáveres”, e sim conferisse “mortos o cuidado de enterrar os seus mortos”.
2 Há, em verdade, grande diferença.
O cadáver é carne sem vida, enquanto que um morto é alguém que se ausenta da vida.
3 Há muita gente que perambula nas sombras da morte sem morrer.
4 Trânsfugas da evolução, cerram-se entre as paredes da própria mente, cristalizados no egoísmo ou na vaidade, negando-se a partilhar a experiência comum.
5 Mergulham-se em sepulcros de ouro, de vício, de amargura e ilusão. Se vitimados pela tentação da riqueza, moram em túmulos de cifrões; se derrotados pelos hábitos perniciosos, encarceram-se em grades de sombra; se prostrados pelo desalento, dormem no pranto da bancarrota moral, e, se atormentados pelas mentiras com que envolvem a si mesmos, residem sob as lápides, dificilmente permeáveis, dos enganos fatais.
6 Aprende a participar da luta coletiva.
Sai, cada dia, de ti mesmo, e busca sentir a dor do vizinho, a necessidade do próximo, as angústias de teu irmão e ajuda quanto possas.
7 Não te galvanizes na esfera do próprio “eu”.
Desperta e vive com todos, por todos e para todos, porque ninguém respira tão somente para si.
8 Em qualquer parte do Universo, somos usufrutuários do esforço e do sacrifício de milhões de existências.
9 Cedamos algo de nós mesmos, em favor dos outros, pelo muito que os outros fazem por nós.
10 Recordemos, desse modo, o ensinamento do Cristo.
Se encontrares algum cadáver, dá-lhe a bênção da sepultura, na relação das tuas obras de caridade, mas, em se tratando da jornada espiritual, deixa sempre “aos mortos o cuidado de enterrar os seus mortos”.
Emmanuel