O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Enxugando lágrimas — Familiares diversos


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Santificada alegria

1 Meu filho, Deus te abençoe, enchendo-te de paz o coração e que Jesus, ouvindo as minhas preces na sua infinita bondade e misericórdia, conceda à minha boa Augusta e a todos os filhinhos do meu coração e do meu espírito, as bênçãos do seu desvelado amor.

2 Sinto-me feliz, meu Labieno, e peço a Deus por ti.

3 Não posso escrever-lhes muito, hoje; n faço-o apenas no propósito de levar-lhes a todos, mais uma vez, a certeza de minha sobrevivência, fortificando na alma dos meus queridos, as convicções espíritas pelas quais vale a pena sacrificarmos todos os prazeres da Terra.

4 Graças à Misericórdia Divina, sinto-me cercado de elementos, aptos a me proporcionar todas as possibilidades de progresso do meu espírito, sequioso de evolução.

5 O nosso grande Eurípedes foi a luz dos meus derradeiros momentos aí na Terra e, como acontecia aí no mundo, é na profunda caridade do seu coração generoso e amigo que repouso o pensamento, e, saturado de preocupações com a família que tanto necessitava de minha presença, por mais algum tempo, aí no Planeta. n A sua amizade protetora enche-me o coração de uma santificada alegria, e é assim, meu filho, que tenho conseguido serenidade para reorganizar as minhas energias psíquicas.

6 Unam-se, meus filhos, e procurem levar avante as experiências, muitas vezes difíceis da vida terrestre. Sejam unidos, representando o sustentáculo da nossa Augusta querida.

7 Não julguem que desencarnei prematuramente. n De qualquer forma, meus queridos, eu teria de realizar em janeiro, a grande partida. A minha ida ao Rio Grande, não foi senão uma circunstância, para que as provações se cumprissem: calma e coragem.

8 Conservem os nossos hábitos de fraternidade em família. n
Se possível, continuem com os meus trabalhos de gabinete, e não se aflijam com o dia de amanhã.
Deus nos ajudará, meus filhos.

9 Tenho manifestado o meu pensamento, entre todos os nossos amigos daí.
Através do Xavier, eu envio a todos os queridos confrades e companheiros, o meu abraço fraterno. n

10 Que prossigam todos no mesmo propósito de servir a Jesus no ideal da caridade; seja ainda o coração e o exemplo de Eurípedes o símbolo para todos nós.

11 Que a Augusta não chore e tenha coragem. Confiemos na bondade de Jesus. A ela todo o meu coração saudoso, e minha amorosa bênção a todos os meninos.

12 Deus te abençoe, meu Labieno, e te conceda paz.
Teu pai e companheiro de luta,


Manoel Soares n




HÁBITOS DE FRATERNIDADE EM FAMÍLIA


1. Introdução

Antes que entremos na análise da página de Manoel Soares, achamos de bom alvitre explicar ao leitor porque dividimos Enxugando Lágrimas em mais de uma parte, colocando nesta parte segunda um grupo de mensagens sob o título geral de “Família Imensa de Corações”.

Fizêmo-lo tão somente porque todas elas — as peças mediúnicas — guardam entre si um grau de parentesco muito intenso, não apenas em decorrência de praticamente todos os comunicantes terem pertencido, em vida física, a um só Estado da Federação — o de Goiás, — quanto, ainda, por muitos deles estarem ligados pelos liames da consanguinidade. De tal forma há um entrosamento entre todos os capítulos aqui enfeixados num só bloco, na verdade compacto, que ao leitor parecerá, em alguns passos, estar seguindo a trajetória de personagens vivas, encarnadas e desencarnadas, numa demonstração insofismável do Amor a pairar sobre os aparentes escombros da Morte. Numa ou noutra passagem, ficaremos todos enternecidos com a delicadeza de sentimentos entremostrada pelos viajores e, até certo ponto, repórteres do Além. A pouco e pouco, vamos nos convencendo, com efeito, da transitoriedade da vida e da consequente necessidade do aproveitamento integral do tempo, enquanto jornadeamos no Plano Físico. E do quanto se faz preciso viver e sentir as lições de Allan Kardec, principalmente a da Caridade — moral e material — e a do perdão incondicional das ofensas.


2. A Mensagem de Manoel Soares

Natural de Delfinópolis, Estado de Minas Gerais, nasceu Manoel Soares a 21 de agosto de 1888, desencarnando a 19 de janeiro de 1937, em Sacramento, no mesmo Estado, em consequência de febre grave.

Formado em Odontologia, pela Faculdade de Ribeirão Preto, Estado de São Paulo, em 1928, até à sua desencarnação, também trabalhou no setor da mediunidade receitista, dando prosseguimento à tarefa iniciada pelo Missionário do Triângulo Mineiro — Eurípedes Barsanulfo, na cidade de Sacramento, sem prejudicar a sua profissão.

Deixou a esposa — Sra. Augusta, já desencarnada, — e os seguintes filhos: Labieno, Edwirges, Demóstenes, Dirce, Diva, Manoel, Ayres, Augusta (sobre quem falaremos nos capítulos seguintes), Rolando, Camilo Flammarion e Gilka.

O destinatário da carta mediúnica, Labieno Soares, já desencarnado, em Uberaba, a 28 de dezembro de 1970, era formado em Farmácia, e grande entusiasta da obra de Guimarães Rosa, especialmente do Grande Sertão: Veredas, conforme depoimento dele mesmo, ao autor destes apontamentos, em 1958.


Sobre a mensagem, salientemos apenas o seguinte trecho:

1. “Não posso escrever-lhes muito, hoje; faço-o apenas no propósito de levar-lhes a todos, mais uma vez, a certeza de minha sobrevivência, fortificando na alma dos meus queridos, as convicções espíritas pelas quais vale a pena sacrificarmos todos os prazeres da Terra.”

Sem dúvida que pelos princípios kardequianos vale a pena sacrificarmos quaisquer vantagens do Plano Terrestre.

Mas, justamente por causa da própria Doutrina Espírita, não precisamos renunciar aos valores humanos, já que somos artífices dos nossos próprios destinos e herdeiros de nós mesmos, em qualquer época e em qualquer latitude, sendo-nos lícito usar os benefícios do Mundo sem deles abusar, conduzindo-nos de tal forma que não venhamos a ferir o cristal de nossas consciências, atentos à lição de Jesus: Amai-vos uns aos outros como eu vos amei.”


2. “O nosso grande Eurípedes foi a luz dos meus derradeiros momentos aí na Terra e, como acontecia aí no mundo, é na profunda caridade do seu coração generoso e amigo que repouso o pensamento, e, saturado de preocupações com a família que tanto necessitava de minha presença, por mais algum tempo, aí no planeta.”

O autor espiritual se refere a Eurípedes Barsanulfo, nascido em Sacramento, a 1º de maio de 1880, e aí desencarnado a 1º de novembro de 1918, médium de largos recursos e autêntico Missionário de Jesus, reencarnado em pleno interior de Minas Gerais.


3. “Não julguem que desencarnei prematuramente. De qualquer forma, meus queridos, eu teria de realizar em janeiro, a grande partida.”

Eis a realidade de que nos devemos todos conscientizar, ante a partida dos entes amados para o Mundo Espiritual: “Não julguem que desencarnei prematuramente.”


4. “Conservem os nossos hábitos de fraternidade em família.” Segundo o Sr. Ayres Soares, um dos filhos do comunicante, por nós entrevistado, com efeito, em sua casa, do próprio genitor ressumava o clima de fraternidade, advindo da sua fé em Deus e de seu permanente regime de trabalho cristão.


5. “Através do Xavier, eu envio a todos os queridos confrades e companheiros, o meu abraço fraterno.”

Expressiva a alusão ao médium Xavier que, na ocasião do recebimento da mensagem, a 8 de agosto de 1937, em Pedro Leopoldo, Estado de Minas Gerais, completava dois lustros de atividades medianímicas ininterruptas. Hoje, decorridos quarenta anos, quando a mensagem, absolutamente inédita sai à luz, completa o médium Francisco Cândido Xavier meio século de trabalho medianímico.


Elias Barbosa


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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