1 Querida mãezinha Dorothy e querido papai Antoninho, deixo aqui uma notícia da tarefa a que atualmente nos dedicamos.
Claudinha.
2 Aniversário de Mãe.
O relógio marcava nove horas da noite.
Dialogávamos na sala, quando uma companheira anunciou:
3 A senhora Nice Rivera n já se encontra presente, recebendo instruções dos Mentores que lhe sugeriam o preciso comportamento ante a filhinha Helena, que a mãezinha, nas ocorrências do sono, viera ali visitar.
4 Os Mentores lhe falavam da conveniência de conservar a máxima discrição, sem fazer perguntas e sem chorar.
5 A irmã Nice aparentava vinte e oito janeiros de idade e conquistara permissão para o encontro com a filha, por méritos em serviço.
A jovem senhora estava pálida e trêmula ao saudar-nos, no entanto, procuramos recompor-lhe a tranquilidade.
6 Todas as meninas internadas em nosso Instituto estavam reunidas na Grande Sala, quando uma colega chamou a menina Helena Rivera, n que demonstrava nobre posição de desenvolvimento aos dois anos que contava.
7 A pequena levantou-se e seguiu as instruções que lhe foram ministradas.
Devia abeirar-se da cabine de vidro isolante, conquanto altamente sensível para a música e para os sons das palavras.
8 Conduzida pelo Mentor que lhe presidia o original reencontro, a senhora instalou-se na cabine e, vendo a filhinha tão perto, falou emocionada:
— Deus abençoe você; minha querida Heleninha.
9 A menina exclamou espantada:
— É a mãezinha que me fala?
— Sim — disse a interlocutora reprimindo as próprias lágrimas.
— Fale, minha filha, de alguma lembrança que nos recorde este dia.
10 A pequena patenteando indescritível alegria, respondeu com ternura:
— Mãezinha, veja, sou eu mesma, lembrando que hoje é o dia do seu aniversário.
11 E recuando alguns passos, tomou a postura de quem se dispunha a comunicar-se com o público e, depois, improvisando gestos característicos, recitou jubilosamente:
12 Hoje é um grande e belo dia!
A mamãe Nice Rivera,
Tem mais uma primavera,
Aniversário de flor!…
13 Onde esteja e no que faça,
Deus guarde a mamãe querida,
O apoio de nossa vida
E a vida de nosso amor.
14 A senhora emudecera sob a pressão forte da própria emotividade e, notando que ela se esforçava para não chorar, a menina confortou-a:
— Mãezinha, não sofra por mim…
Eu também tenho muitas saudades do seu carinho, mas as nossas professoras me disseram que muito breve estarei, de novo, em seus braços…
15 A senhora Nice apenas disse:
— Assim espero, confiando em Jesus.
16 Em seguida, atendendo a um sinal do Mentor, afastou-se da cabine para o regresso ao corpo físico. Algumas companheiras e eu mesma seguimo-la de perto.
17 Aquela maravilhosa mãe acordou chorando e, abeirando-se do leito em que descansava o marido, comunicou-lhe excitada:
— Eugênio, sonhei com a nossa Heleninha, que me participou a sua volta para nossa casa.
18 Eugênio esfregou os olhos, entre inquieto e assombrado e comentou tranquilo e feliz:
— Se o sonho for expressão da realidade, daremos graças, graças a Deus.
Cláudia Pinheiro Galasse
COMENTÁRIOS
Não se pode invocar o auxílio divino, quando a nossa oferenda está ainda com fissuras provocadas pelo egoísmo. Nice Rivera, senhora mãe, aniversariante, recebe no dia de felicidade do seu natalício, um presente por mérito de serviços prestados à causa do bem. A permissão de visitar a filha na Espiritualidade.
No diálogo, sob forte pressão de emotividade, emudecera. O amor de Heleninha, sua filha, levou-lhe o conforto no muito que conversaram. Em suas palavras finais, elucida a mãe da orientação que recebera e que, em breve retorno, estariam juntas novamente.
“Mãezinha, não sofra por mim… Eu também tenho muitas saudades de seu carinho… muito breve estarei, de novo, em seus braços…”
Rubens Silvio Germinhasi
[1] Vide 1ª nota de rodapé no índice.