86 — Homeopatia
P — Que dizem os Amigos Espirituais sobre a Homeopatia, na atualidade terrestre?
R — Nossos Amigos Espirituais consideram a Homeopatia um processo seguro de tratamento, principalmente para as pessoas de vida simples, com hábitos tão simples quanto possível.
P — O mecanismo de ação das drogas homeopáticas estaria relacionado com a junção corpo-perispírito?
R — Sim, os Benfeitores Espirituais nos observam que isso acontece sempre.
P — Diante do grande avanço da Química Orgânica, haverá lugar para a Homeopatia, no futuro?
R — Segundo os Espíritos Benfeitores isso é perfeitamente possível, mesmo porque a Medicina psicossomática, atendendo-se aos preceitos psicológicos avançará cada vez mais, por interferir na mente, de onde se originam, em maior parte, os processos patológicos de ordem geral.
P — A ação dos remédios homeopáticos sobre o corpo e o perispírito é a mesma dos fármacos alopáticos? Que dizem os Benfeitores Espirituais a respeito?
R — Não. Os amigos da Vida Maior observam que ambos os sistemas curativos obedecem às normas claramente diversas entre si.
P — Quando o Espírito se desliga do corpo, durante o sono, ele se recorda de existências passadas? Qual a sua experiência pessoal?
R — Isso pode suceder muitas vezes, mas precisamos progredir ainda e muito, no campo das conquistas morais, para que um discernimento mais claro no assunto nos presida as observações. Pelo menos, é o que observo comigo mesmo.
P — Por que os indivíduos sofrem limitação na lembrança das experiências que ocorrem durante o sono?
R — Dizem os Amigos Espirituais que raros espíritos encarnados estão habilitados a guardar com proveito semelhantes recordações, de vez que as lembranças desse teor, na criatura despreparada para isso lhe criariam choques prejudiciais e desnecessários.
P — Durante o período normal de sono, o indivíduo pode participar de duas famílias — uma no Plano material e a outra no Plano espiritual?
R — Interessante a tese, mas, não devemos incentivar esta ideia, de vez que a família humana, enquanto estivermos no período da encarnação, deve ocupar as nossas atenções tão integralmente quanto isso se faça possível.
P — Os Espíritos obsessores agem com mais facilidade durante o período de sono de suas vítimas? Qual a arma ideal para nos defendermos contra semelhante influência?
R — Tanto no sono quanto na vigília, pelo que nos é facultado saber, a melhor vacina contra a incursão de processos obsessivos é a nossa permanência no trabalho do bem ao próximo, até que venhamos a adquirir a sublimação espiritual que nos tornará invulneráveis ao assédio de nossos irmãos menos felizes.
P — O excessivo ciúme infundado de um dos cônjuges, não terá relação com experiências vividas durante o sono com outro parceiro?
R — Cremos que não, embora seja possível em alguns casos. O ciúme, na essência, é sempre fruto da afeição possessiva, quando abraçamos a infelicidade de que os outros pertencem exclusivamente a nós e não a Deus, — a Deus que simbolizamos na Sabedoria Infinita da vida, que nos coloca onde e com quem a nossa presença se torna mais útil ou necessária a seus fins.
P — O Espírito encarnado, durante o sono, se abastece de energias espirituais que o auxiliam na manutenção de seu equilíbrio fisiológico? É por isso que as poucas horas de sono para algumas pessoas acarretam perturbações orgânicas?
R — Sim, mas os Benfeitores Espirituais nos afirmam que o território dos sonhos ainda é um continente imenso da vida humana que nos cabe pesquisar e estudar e de onde retiraremos, em ocasião oportuna, ensinamentos dos mais preciosos para a nossa permanência na Terra.
P — Sem considerar as soluções psicanalíticas, como explicam os Amigos Espirituais a atração irresistível de uma filha com o pai de um filho para com a própria mãe?
R — O estudo da reencarnação iluminará com segurança semelhante domínio da psiquiatria e da análise.
P — Faz bem ao Espírito a continência sexual? Essa abstenção o santifica ou lhe faz falta para o aproveitamento espiritual da existência física?
R — O assunto em suas expressões de problema a resolver varia de pessoa para pessoa, conforme o grau de autocontrole que o Espírito impõe a si próprio.
P — Na conjunção sexual há troca de energias espirituais?
R — Sempre. As trocas de força magnética nesse terreno são inegáveis ante os resultados que expressam entre aqueles que permutam as próprias energias em suas manifestações afetivas.
P — A finalidade da relação sexual seria apenas a procriação de filhos?
R — As leis humanas evoluem com a evolução das personalidades humanas.
P — Como entender a reencarnação compulsória?
R — Cremos que da maneira pela qual internamos o doente no hospital ou segregamos o nosso irmão delinquente nas celas regenerativas de uma escola ou penitenciária.
P — Um Espírito obsessor, fortemente ligado à sua vítima, sendo esta mulher, pode impedir que outro Espírito se reencarne através dela?
R — Pensamos que o problema só poderá ser examinado com exatidão se estudado do Plano Espiritual para o Plano Terrestre.
P — Você, Chico, conhece algum caso em que o Espírito obsessor se manteve durante toda a vida fértil da mulher, impedindo-lhe a gestação?
R — Sim, isso é raro mas acontece, dentro dos princípios de causa e efeito que nos regem a vida.
P — No processo reencarnatório, segundo conhecemos, o espírito reencarnante é previamente ligado ao Espírito da genitora. No caso da reencarnação através do tubo de ensaio, como seria suprida essa necessidade?
R — Admitimos que a reencarnação, se efetuada pelo tubo de ensaio, se efetuará em bases de amor no ambiente a que o espírito reencarnante for conduzido. Isso, na hipótese da Humanidade progredir moralmente, passando a merecer esse tipo de reencarnação, obviamente com muito menos entraves para a criatura que tomará novo corpo entre os homens.
P — Como entender as reencarnações aparentemente humilhantes tais a do negro, do mendigo, do doente de nascença?
R — No que diz respeito ao racismo, as nossas preocupações decorrem de pura ilusão de nossa parte no terreno de preconceitos sociais que o tempo eliminará. Nos casos outros, sabemos que a lei do carma funciona universalmente com todos nós, em qualquer parte e em todos os dias.
P — A beleza física corresponde à beleza espiritual?
R — Nem sempre.
P — Ao desencarnar, o Espírito toma conhecimento imediato de suas vidas anteriores?
R — O “Livro dos Espíritos” nos explica que geralmente isso não acontece.
P — Todos os indivíduos, ao reencarnarem, têm um tempo de vida determinado? Se, por culpa própria, desencarnarem antes desse tempo, o que pode ocorrer ao Espírito?
R — Não nos é fácil estudar, por agora, semelhante assunto. A vida e a desencarnação se conjugam profundamente com os desígnios da Providência Divina e com o livre arbítrio da criatura.
P — Os indivíduos que não acreditam na vida após a morte despertam com facilidade depois do decesso físico?
R — Dizem os Espíritos Amigos que de modo geral, isso não sucede.
P — As criaturas que não acreditam na vida após a morte, ao desencarnarem têm dificuldade para o despertar? Por quê?
R — Falta-lhes aquilo que poderíamos nomear como sendo “aceitação da realidade”, ou “adestramento preparatório para facear a Vida Maior”.
P — Poderia você, Chico, por gentileza, nos relatar pelo menos três casos aos quais nunca se referiu, nos seus contatos com a imprensa escrita e falada, e que poderiam ajudar os nossos irmãos em humanidade a entender melhor as exigências da vida?
R — Mais tarde, em outros contatos, apelaremos para as nossas lembranças nesse particular. De uma verdade estamos convencidos e para nós em pessoa, irreversivelmente convencidos: — “Ninguém morre e cada um de nós encontrará consigo mesmo para além desta vida, onde a nossa vida, queiramos ou não, prosseguirá para frente, no Espaço e no Tempo, segundo as Leis Traçadas pela Sabedoria de Deus para o Universo em sua grandeza infinita e integral”.
Francisco Cândido Xavier
Emmanuel
[9] Entrevista concedida a Salvador Gentile e Elias Barbosa, na Comunhão Espírita Cristã, Uberaba (MG), a 20 de novembro de 1971.