Inegavelmente, um dos pontos altos do programa “Cidade Contra Cidade”, de Silvio Santos, no Canal 4, TV-Tupi, de São Paulo, realizado na noite de 6 de março de 1970, foi a presença, na delegação uberabense, do mundialmente famoso médium psicógrafo Francisco Cândido Xavier. Pela primeira vez, Chico Xavier comparecia a uma Televisão de um grande centro do país para ser entrevistado, justamente quando se faz o lançamento do seu centésimo livro. O repórter Saulo Gomes e o criador do programa, Silvio Santos, fizeram interessantes perguntas a Chico Xavier, das quais destacamos pela oportunidade no momento atual, duas perguntas formuladas por Saulo Gomes, que seguem com as respectivas respostas :
P — Um assunto que está despertando grande interesse na opinião pública mundial. Trata-se do ser humano que dentro em breve estará entre nós, cremos, produto de um tubo de ensaio. O conhecimento profundo, em matéria espiritual, de Chico Xavier, nos parece, é muito importante. Que ele emita o seu pensamento e da própria doutrina espírita em relação a isso. Que acha Chico Xavier e o mundo espírita da criança que o homem começa agora a gerar num tubo de ensaio?
R — Tenho ouvido por diversas vezes o Espírito de Emmanuel a respeito disso.
Ele diz que o nosso respeito à Ciência deve ser inconteste e que o progresso da ciência é infinito, porque a solução do problema do tubo de ensaio, para o descanso do claustro materno é viável. Mas, restará à Ciência um grande problema, o problema do amor com que o espírito reencarnante é envolvido no lar pelas vibrações de carinho, de esperança, ternura, confiança de pai e mãe, no período também da infância, em que a criança é rodeada de amor, muito mais alimentada de amor do que de recursos nutrientes da terra!
Vamos ver como é que a Ciência poderá resolver este problema para que não venhamos a cair em monstruosidades do ponto de vista mental.
P — Como é vista, Chico Xavier, no mundo espiritual, a influência crescente do tema sexo?
R — Antes de entrar diretamente neste assunto, convém declarar, em nossa formação cristã, que sem o lar constituído, sem a família organizada, sem amparo à maternidade, sem respeito à dignidade do homem, a civilização — no conceito dos Espíritos que se têm comunicado conosco — pode descer à estaca zero.
Considerando, porém, a influência crescente dos temas de natureza sexual nas conversações e publicações do nosso tempo, precisamos considerar que o assunto esteve quase que propositadamente sufocado durante séculos.
É natural que ele agora surja, à maneira de explosão, mostrando reações em cadeia, por toda parte, exigindo legislação mais humanitária para a liquidação dos problemas de natureza afetiva e solicitando educação.
Não nos referimos aqui, segundo os Bons Espíritos, ao uso de implementos físicos, mas sim à educação da alma, à educação dos nossos sentimentos, porque o problema sexo é muito mais de coração para coração, de alma para alma, e por isso mesmo merece toda a consideração daqueles que nos inspiram e orientam, na governança de nossas vidas e de nossos destinos.
Francisco Cândido Xavier
Emmanuel
[3] “Lavoura e Comércio”, Uberaba, Minas, 7 de Março de 1970.