1 Recordemos a lição de Jesus na Parábola, ( † ) para que não Lhe percamos a bênção do conteúdo.
2 Não se ergueu Lázaro ao paraíso por que fosse pobre, nem desceu o Rico aos abismos da sombra, por que houvesse granjeado a fortuna entre os homens.
3 O primeiro elevou-se à glória de Abraão pela humildade com que se portou na prova recebida. Arrojou-se o segundo ao seio atormentado das trevas, pela displicência com que usufruiu a posição e o dinheiro que o mundo lhe oferecia.
4 Enquanto o Rico se trajava de linho e púrpura, exibia Lázaro as chagas que lhe envenenavam a carne e, enquanto o afortunado companheiro se banqueteava, feliz, sem lembrar-se do irmão desditoso que lhe visitava a porta, conformava-se Lázaro sofredor, com o espinheiro de angústia que as circunstâncias lhe impunham à sensibilidade, incapaz de amaldiçoar o vizinho gozador, indiferente e surdo aos seus rogos.
5 O problema do Céu para Lázaro e da expiação para o Rico, é de simples atitude, induzindo-nos a meditar nas oportunidades de progresso e sublimação que o Senhor nos confere, para que o tempo amanhã não nos encontre categorizados à condição de réus em nós mesmos.
6 Não nos esqueçamos, ainda, de que os dois, embora separados por desfiladeiros intransponíveis, na alegria celeste e no sofrimento infernal, podiam comunicar-se entre si, entendendo-se um com outro.
7 Não olvides que na abundância ou na carência, na mordomia ou na subalternidade, sempre somas depositários da confiança de Deus e que somente a nossa atitude para com a vida, cultivando o bem onde estivermos, determinará a nossa ascensão à luz e o nosso definitivo afastamento do mal.
Emmanuel
(Reformador, julho 1958, p. 161)