O Evangelho segundo o Espiritismo — Cap. XIV — Item 8
O Livro dos Espíritos — Questão 779
1 Todos somos irmãos, constituindo uma família só, perante o Senhor; mas, até alcançarmos a fraternidade suprema, estagiaremos, através de grupos diversos, de aprendizado em aprendizado, de reencarnação a reencarnação.
2 Temos, assim, no cotidiano, a companhia daquelas criaturas que mais entranhadamente se nos associam ao trabalho, chamem-se esposo ou esposa, pais ou filhos, parentes ou companheiros. 3 E, por muito se nos impessoalizem os sentimentos, somos defrontados em família pelas ocasiões de prova ou de crises, em que nos inquietamos, gastando tempo e energia para vê-los na trilha que consideramos como sendo a mais certa. 4 Se já conquistamos, porém, mais amplas experiências, é forçoso, a fim de ajudá-los, cultivar a bondade e a paciência com que, noutro tempo, fomos auxiliados por outros.
5 Suportamos dificuldades e desacertos para atingir determinados conhecimentos, atravessamos tentações aflitivas e, em alguns casos, sofremos queda imprevista, da qual nos levantamos somente à custa do amparo daqueles que fizeram da virtude não uma alavanca de fogo, mas sim um braço amigo, capaz de compreender e de sustentar.
6 Lembremo-nos, sobretudo, de que os nossos entes amados são consciências livres, quais nós mesmos. 7 Se errados, não será lançando condenação que poderemos reajustá-los; 8 se fracos, não é aguardando deles espetáculos de força que lhes conferiremos valor; 9 se ignorantes, não é lícito pedir-lhes entendimento, sem administrar-lhes educação; 10 e, se doentes, não é justo esperar testemunhem comportamento igual ao da criatura sadia, sem, antes, suprimir-lhes a enfermidade.
11 Em qualquer circunstância, é necessário observar e observar sempre que fomos transitoriamente colocados em regime de intimidade, a fim de aprendermos uns com os outros e amparar-nos reciprocamente.
12 À vista disso, quando o mal se nos intrometa na seara doméstica, evitemos desespero, irritação, desânimo e ressentimento, que não oferecem proveito algum, e sim recorramos à prece, rogando à Providência Divina nos conduza e inspire por seus emissários; isso para que venhamos a agir, não conforme os nossos caprichos, e sim de conformidade com o amor que a vida nos preceitua, a fim de fazermos o bem que nos compete fazer.
Emmanuel