Roberto Medeiros Fernandes foi espírita e orador no Núcleo Assistencial Bezerra de Menezes. É muito interessante observar o nível de consciência com que passou seus últimos momentos aqui no Plano terrestre durante o período de transição.
Roberto estava internado devido a um linfoma linfocítico e faleceu rapidamente. Sua esposa, Hilda, estava ansiosa pois não tivera tempo de despedir-se de Roberto no Hospital, mas encontrou o texto, que leremos a seguir, logo após seu desencarne:
“Querida Hilda, queridos filhos, todos os demais. Parece que é hora de partir; não adianta me levar para o hospital, nem qualquer outra tentativa de evitar a lei de Deus se assim ele desejar. Desde as 5 horas da madrugada que há uma entidade espiritual aqui e tão grande é sua vibração e perfume que quase não aguento. Querida, continue realizando a reunião do Evangelho uma vez por semana e a prece todas as noites antes de dormir. É preciso exercitar os preceitos do Evangelho e viver mais para os outros.”
Geraldo Brito, seu cunhado, ao chegar em casa, após uma visita a Roberto ainda vivo, deitou-se para descansar e, em desdobramento, viu-se saindo de seu corpo e encontrou-se com Roberto que entrava pela janela, abraçando sua esposa com muito amor. Hilda, cinco dias antes do recebimento desta mensagem, sonhou com Chico Xavier que lhe dizia: “Hilda, desta vez você vai receber a mensagem de Roberto”. Acordando continuou a ver o rosto de Chico. Partiu para Uberaba, certa de que iria receber a mensagem.
DEPOIMENTO
Estas são as palavras de seu cunhado, Geraldo:
“Receber esta mensagem nos trouxe muito conforto. Ele era um irmão e companheiro de Doutrina muito querido por todos os familiares e amigos. Foi uma demonstração de que todo o bem praticado é sempre enviado em retorno, principalmente no momento de desencarne, pois Roberto o recebeu através da assistência espiritual que teve dos familiares, amparando-o e refazendo suas energias.”
Geraldo Britto
ESCLARECIMENTOS
Esclarecimentos sobre o texto da mensagem:
Esposa: Hilda Britto Fernandes.
Filhos: Cláudio, Sheila e Flávio.
Sebastião Carvalho Britto e Iris Belletti Britto, são os pais de Hilda.
Francisca Garcia Fernandes, mãe de Roberto, já desencarnada.
Clara de Jesus Medeiros, avó paterna, desencarnada.
Manoel Medeiros, avô materno, desencarnado.
Flora Belletti, avó materna da esposa Hilda, desencarnada.
Júlio Ribeiro Britto, avô paterno da esposa Hilda, desencarnado.
MENSAGEM
1 Querida Hilda,
Deus nos abençoe!
2 Embora os meus reduzidos conhecimentos doutrinários, não julgava que ainda neste ano pudesse trazer-lhes as minhas notícias.
Estou muito melhor e compareço habitualmente à nossa casa da rua Teodureto de Souto, no Cambuci, a fim de abraçar a você e aos nossos queridos filhos.
3 A Sheila, o Flávio e o Cláudio, com o amparo de Jesus, estão em pleno desenvolvimento, encorajando-nos com a solidariedade e o carinho que nos ofertam.
4 Minha preocupação maior ainda é com você mesma, porquanto a vejo tão desolada agora em novembro, quanto a vi, quase que em desespero total, em agosto passado. Venho pedir-lhe calma e coragem.
5 Agradeço a companhia dos nossos prezados irmãos Geraldo e Neyde, tanto quanto, o devotamento de seu pai, nas elucidações com que nos acompanham e nos reconfortam.
6 Querida Hilda, não conseguiríamos alterar o problema do linfoma de que a minha dor de garganta era um pálido reflexo.
7 Vejo-a refletindo e refletindo imaginando que poderia talvez me oferecer condições de cura, mais isso, querida, não tem razão de ser. A verdade é que ninguém conhece com minudências de definição o corpo em que mora na Terra. 8 E além disso, trazemos aí no mundo conosco os agentes que se desdobram em tempo certo preparando-nos a volta para a Vida Espiritual.
9 Convença-se de que com todo esse amor, com que você me construiu a felicidade no mundo, você não poderia podar a anemia perniciosa com que o meu problema orgânico se agigantou quase que de repente.
10 Aceitemos as Leis da Vida em nós mesmos e não chore mais, com tanto pesar, porque isso me aflige ainda muito.
11 O seu avô Júlio tem me prestado excelentes serviços, amparando-me com as explicações de que ainda necessito, e peço habitualmente a ele para que auxilie você a se reanimar.
12 Quero dizer-lhe que não senti o mínimo desamparo. Aquela sua dedicação para comigo no Hospital do Servidor encontrou continuidade no amor com que a minha mãe Francisca, e a minha avó Clara de Jesus Medeiros me sustentaram na desencarnação.
13 Você e os filhos queridos eram meu ponto nevrálgico para me agarrar apaixonadamente à vida física, mas quando o corpo não me tolerou mais, rendendo-se à suprema exaustão, notei que duas senhoras me auxiliavam como se eu lhes fosse uma criança querida.
14 O coração parara no peito e vi uma nuvem esbranquiçada a envolver-me.
Reconhecia-me ainda deitado e sem forças para mover sequer um dedo, quando vi aqueles semblantes que me sorriam… Acenavam-me convidando ao esforço para reerguer-me…
15 Entretanto, como doía deixá-la com os nossos garotos!
O homem enfrenta qualquer dificuldade para defender-se ou preservar a família, mas a morte era um sinônimo de separação e por muito seguros me fossem os conhecimentos, relutei naquela rendição que não me parecia possível.
16 Queria ficar, consolar você, dizer aos meus filhos que os amava tanto, mas o corpo não me respondeu a qualquer solicitação. 17 Quis falar com todas as minhas forças que eu estava vivo, no entanto a boca não me dava sinal de correspondência…
18 Entre as duas vidas, enxergava unicamente aqueles rostos amigos que me sorriam, atirando-me sinais para que me levantasse. Compreendi chorando e esforcei-me. 19 Bastou isso e me vi em posição vertical num corpo que era em tudo semelhante ao meu, porém, mais leve e mais ágil.
20 Pensei em novamente locomover-me e renteei com os amigos que pareciam à minha espera…
21 Aquele reencontro! Não sei se era de felicidade ou de infortúnio. A alegria se misturava com o sofrimento e o pranto me caiu dos olhos, enquanto me abraçavam aqueles benfeitores que, de certo modo a princípio, teimara em obedecer.
22 — Pois você não nos conhece, meu filho? — Era a mãezinha Francisca a interpelar-me.
23 — Aqui sou eu, a sua avó Clara de Jesus! — Explicava a benfeitora que me enlaçava suavemente.
24 — E eu, — disse o amigo que as acompanhava, sou o seu avô Manoel!…
25 No recato natural que me aproximava e ao mesmo tempo me afastava das senhoras, entreguei-me aos braços de meu avô, soluçando, com um mundo de emoções contraditórias a se me entrechocarem no espírito, porque eu estava feliz por encontrá-los e infeliz por perder você e nossos filhos!
26 Um enfraquecimento brusco me abateu as energias e senti que o sono do grande repouso me dominava…
27 Fui transferido para um Hospital da Vida Maior, onde recebi nova assistência e aqui estou agora, um tanto mais refeito, a fim de pedir a você paciência e coragem. 28 Não estaremos separados. Você tem seu pai Sebastião e sua mãezinha Iris e seu companheiro procura agora ser agradecido aos familiares que me estenderam as mãos.
29 Não tema os problemas do mundo. Eles aparecem para enriquecer as nossas experiências.
30 Tanto quanto se me torne possível, estarei com você e nossos filhos sempre que isso se me faça permitido. Muitos familiares que a estimam têm sido aqui também para mim protetores e amigos que não posso esquecer. A sua querida avó Flora Belletti têm sido de grande solicitude para comigo e peço a você agradecer por mim a tanta gente boa em suas preces.
31 Sou muito grato aos nossos irmãos Geraldo e Neyde que a encorajaram para vir até aqui e rogo-lhes interpretar meus agradecimentos a seu pai, que considero também por meu pai e meu amigo.
32 Querida Hilda, aqui termino. O coração fica no ponto final e meu pensamento seguirá entrelaçado com o seu.
33 Agradecendo a você o amor da existência inteira e a ternura incessante com os seus cuidados de todos os dias, beija-lhe as mãos queridas e devotadas o esposo e companheiro, irmão e servidor, sempre seu,
Roberto Medeiros Fernandes