Ivan, aos 16 anos, era um jovem sadio, alegre como é próprio aos adolescentes, cursava a 2ª série do Colégio Anglo-Latino. A maneira brusca e repentina como desligou-se deste mundo causou um choque inesperado a toda sua família e amigos. Rompeu-se um aneurisma cerebral de maneira fulminante e Ivan foi encontrado por seu pai, caído no banheiro de sua casa.
Menos de dois meses após o desencarne, ele enviou sua primeira mensagem e seguiram-se outras, com intervalos de 4 a 6 meses entre cada uma, perfazendo até hoje mais de uma dezena.
O teor de suas mensagens é de um alto nível de compreensão e sabedoria, oferecendo não só conforto e alento aos parentes e amigos pela notícia que oferece de suas condições, mas também pelos conselhos e esclarecimentos.
DEPOIMENTO
Estas são as palavras de seus pais:
“Todas as mensagens, cada uma a seu modo, nos trouxeram alento, conforto, lições, exemplos e diretrizes a seguir. Somos gratos a Jesus pela oportunidade, que nos chegou através da dor, de procurarmos uma maneira de servir, dentro de nossas pequenas possibilidades. Veio a inspiração para o auxílio ao próximo, encontrando no semelhante, o filho afastado de nós fisicamente.
Só posso dizer do nosso agradecimento ao nosso bondoso discípulo de Jesus, Chico Xavier, que nos permitiu, através desse intercâmbio espiritual, que retornássemos à vida, de vez que para nós tudo parecia acabado para sempre.
Jesus o proteja sempre.”
Elenice e Abrahão Fakaib
ESCLARECIMENTOS
Esclarecimentos sobre o texto da mensagem:
Pais: Abrahão Fakaib e Elenice Antonelli Fakaib.
Irmãos: Márcio e Fábio, mais novos que Ivan.
Tia Yolanda — por parte de mãe, desencarnada em 05 de fevereiro de 1978.
Avô Jorge — por parte do pai, desencarnado em 08 de março de 1960.
MENSAGEM
1 Querido papai Abrahão e querida mamãe Elenice,
Estamos unidos na mesma faixa de amor e esperança.
2 Muita gente afirma que o amor precisa sempre de se confirmar em manifestações incessantes e com alegria é que lhes digo que a minha situação é a melhor possível. 3 O papai Abrahão, de quando em quando me interpela: “Diga, filho, porque sofremos esta provação, porque Deus chamou por você assim tão cedo…”
4 Pai querido, a permanência no mundo físico é de curta duração. Em qualquer tempo em que nos viéssemos a separar, para nós seria demasiado cedo. Não somos porém, donos exclusivos de nossas vidas, e as Leis de Deus funcionam sem que lhes saibamos elucidar os mecanismos de ação. 5 A tia Yolanda, que se transformou para mim em professora dedicada e operosa, me esclarece que muitos de nós saímos da Terra mais cedo do que esperávamos, ao modo de balizas, cuja função será, sobretudo, a de apontar o caminho aos entes queridos que ficaram. 6 Diz ela que quase todos os grupos familiares possuem agentes de vanguarda, burilando corações para o reencontro em que nos reuniremos todos para louvor a Deus. 7 Peço à mãezinha Elenice me auxilie a extirpar de seu pensamento a ideia de que teria sido um pai severo demais com o seu filho chamado à Vida Espiritual.
8 Papai Abrahão, a sua bondade nos concedeu tudo de melhor, e os seus conselhos foram avisos que me livraram de muitas dificuldades que me prejudicariam na certa. 9 Eu também ignorava fosse portador do chamado aneurisma que terminou por abater-me na cena final de meu papel reduzido no palco da existência humana. 10 A demora de alguém no mundo é semelhante à necessidade da criatura de estar presente no grupo a que pertence. Esta ideia que me foi transmitida pela tia Yolanda, me aclara e reconforta.
11 Quantos se retiram do mundo em pesados atritos fora do lar? No entanto, tive a bênção de me desligar do corpo denso, no banheiro, sem maior trabalho para os meus e para mim.
12 Sei que foi desagradável para o seu coração paterno, apanhar-me à maneira de um trapo imóvel, no recanto mais intimo de nossa casa, mas isso papai Abrahão, foi bondade de Deus para conosco.
13 Não se recrimine por acontecimento algum; se as nossas posições estivessem na forma inversa, se fosse eu o pai a segui-lo de perto, creio que teria sido mais exigente. O senhor foi sempre e continua sendo o nosso melhor companheiro. Fábio, Márcio e eu mesmo, encontramos em seu carinho, o irmão abençoado de nossas vidas, antes de ser o pai que sempre nos desejou no melhor caminho…
14 Se pudesse seria eu um braço permanente em seus dias, afim de inocular-lhe a certeza de quanto amor em minha estrada renovada de ontem e de agora. 15 Venho pedir-lhe alegria de viver, aceitação dos desígnios de Deus, sem qualquer ideia de que a existência nos poderia ser outra, porque seria isso impossível.
16 Uma parada cardíaca de alto teor, sem retirar-me do corpo denso, seria a minha prisão no leito ou na cadeira de rodas, por tempo indeterminado, com a suspensão das minhas faculdades para uma vida normal. Imagine, meu pai, o amor infinito de Deus para conosco, arrancando-me à condição de encarcerado em que estaria em verdadeiro suplício.
17 O avô Jorge veio hoje em minha companhia e lhe pede somar as bênçãos que temos recebido. Basta a verificação de algumas das parcelas de nossa felicidade familiar, e os queridos pais concluiriam conosco que me sucedeu o melhor, de vez que um aneurisma é um adversário oculto, refugiado ao nosso controle e às nossas possibilidades de tratamento.
18 Adversário que já nasce conosco, para atuar em tempo hábil… Esse tempo hábil foi a hora de minha reclusão no banheiro para a despedida que, na essência, não é nenhum adeus… E a prova disso é que estou aqui neste abençoado telégrafo para comunicações ao vivo… Pais queridos, entendam isso comigo para que me veja mais tranquilo. 19 Papai Abrahão, em suas andanças de amigo, em contato com a Natureza, peço me procure mais no verde das árvores, do que nas águas de suas reflexões, nas quais o seu pensamento se detém a buscar-me com lágrimas ocultas. 20 Procuremos viver, agradecendo a Deus os tesouros de nossa união e de nossa fé viva e sejamos felizes, acariciando a esperança do reencontro, não à força, mas quando a existência se lhe transforme no entardecer tranquilo do lavrador que descansa de consciência feliz depois de valioso dia de trabalho e suor.
21 Mãezinha Elenice, auxilie-me com a sua palavra de paciência e persuasão.
Os irmãos queridos estão aí a solicitar-nos assistência e cuidado.
Estejamos contentes, prosseguindo na tarefa de estender a nossa família do nosso recanto doméstico.
22 Outros sofrem problemas e provações muito mais difíceis que a nossa.
Reflitamos nisso e caminhemos para diante fazendo o nosso melhor, aquele melhor em que se nos faz possível transformar a própria vida a benefício das vidas que nos cercam.
23 Com estes novos propósitos, aqui se despede por agora o filho e companheiro de sempre, que reúne a mãezinha Elenice e o papai Abrahão nos melhores sentimentos, sempre o filho e amigo de todos os momentos,
Ivan Antonelli Fakaib
[1] No livro impresso “Ivan Antonelli Zakaib” —
Cf. o sobrenome do Ivan em outra mensagem sua no livro: Lar-oficina, esperança e trabalho.