1 Festa… Fulge o solar… Um jovem tange a lira,
Desfere uma canção de dolorosa espera…
E Joana, a castelã, que no amor se lhe dera,
Surge, escarnece dele e por outro suspira.
2 Mata-se o pobre moço ante a moça insincera.
Ele sofre no Além, ela esquece, delira,
E a iludir-se e enganar, de mentira em mentira,
Um dia encontra a morte e a vida se lhe altera…
3 Encontrando na treva o companheiro em prova,
Aflita, a castelã quis dar-lhe vida nova
E fez-se humilde mãe, sem proteção, sem brilho…
4 Hoje carrega ao peito um filho cego e louco,
Arrasta-se, padece e morre, pouco a pouco,
Mas repete feliz: “Ah! meu filho!… Meu filho!…”
Silva Ramos
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