62 — MEDIUNIDADE
P. — Qual sua opinião sobre o problema da mediunidade na fase atual?
R. — Nunca nos cansaremos de repetir que mediunidade é sintonia. Subamos aos cimos da virtude e do conhecimento e a mediunidade, na condição de serviço de sintonia com o Plano Divino, se elevará conosco.
Quanto ao aspecto geral do assunto, urge nos afastemos das demonstrações puramente fenomênicas para nos devotarmos, na atualidade, à obra de reconstrução cristã do mundo, pela restauração, dos valores morais da Humanidade, mediante a melhoria de nós mesmos.
63 — DESENVOLVIMENTO MEDIÚNICO
P. — Que dizer dos processos empregados atualmente pela maioria dos Centros, no que diz respeito ao desenvolvimento mediúnico? Como desenvolver médiuns?
R. — Examinar as diretrizes das instituições não será trabalho compatível com as nossas responsabilidades singelas. Cada grupo doutrinário é a resultante dos propósitos e atividades dos seus componentes. Resumindo-se, porém, os programas do Espiritismo Evangélico, na sementeira do amor e da educação nos moldes que Jesus nos legou, acreditamos não encontrar outro código mais elevado para os serviços do nosso ideal, além do Evangelho sentido e vivido, nos diversos setores da experiência que nos é comum, código esse que deve presidir também não só o desenvolvimento dos médiuns, mas o progresso espiritual de todos os doutrinadores e companheiros em geral.
64 — OS ESPÍRITOS SUPERIORES E OS SOFREDORES
P. — Como tratar os Espíritos superiores? E os sofredores?
R. — Aceitemos com humildade o concurso sagrado daqueles que se constituem nossos benfeitores nas Esferas Mais Altas e estendamos aos nossos irmãos mais necessitados que nós mesmos os braços fraternos que o Espiritismo envolve em bênçãos de revelação e de amor.
A vida é uma corrente. Somos os elos vivos que a formam e a lei de solidariedade deve orientar, em verdade, todas as nossas manifestações dentro da luta comum.
65 — MOVIMENTO ESPÍRITA
P. — Quais suas impressões sobre o movimento espírita em geral?
R. — O Espiritismo, na opinião de um dos nossos abnegados paladinos da primeira hora, em qualquer tempo, será o que os homens dele fizerem. Confirmamos semelhante enunciado, apelando para os nossos compromissos de erguer-lhe as manifestações à vida superior.
66 — CONVERSÃO DE CATÓLICOS E PROTESTANTES
P. — Devem os espíritas preocupar-se com a conversão de católicos e protestantes ao Espiritismo?
R. — Nosso dever primordial é o da conversão de nossa vida e de nossas exteriorizações individuais aos princípios santificantes que abraçamos.
Quando cada um de nós transformar-se em livro atuante e vivo de lições para quantos nos observam o exemplo, as fronteiras da interpretação religiosa cederão lugar à nova era de fraternidade e paz que estamos esperando.
67 — MISTIFICAÇÕES E ANIMISMO
P. — Que aconselhar aos médiuns que só recebem comunicações mistificadas?
R. — A vitória na luta pelo bem contra o mal caberá sempre ao servidor que souber perseverar com a Lei Divina até o fim.
P. — Como esclarecer médiuns que hesitam discernir as comunicações espíritas dos próprios pensamentos?
R. — Quem se sacrifica na extensão de recursos salvadores, oferecendo a vida e o tempo à causa da elevação humana, não deve perder-se em vacilações. Na essência, todos os atos nobres e todos os serviços de sublimação procedem do Cristo, de cuja amorosa autoridade não passamos de simples servidores.
P. — Não havendo absoluta segurança nas comunicações seria, ainda assim, aconselhável dedicar-se, o médium, à tarefa de atender consultas?
R. — O serviço da caridade e do conhecimento é de toda condição, tempo e lugar. Não nos esqueçamos de que os cooperadores humanos são igualmente Espíritos, não obstante encarnados, guardando obrigações de estudar e servir no aperfeiçoamento incessante.
68 — DESENVOLVIMENTO DO ESPIRITISMO
P. — Que podemos esperar para os próximos cinquenta anos, a respeito do desenvolvimento da Doutrina Espírita?
R. — Somos companheiros otimistas no campo da fraternidade. Se Jesus espera no homem, com que direito deveríamos desesperar? Aguardemos o futuro triunfante, no caminho da luz. A Terra é uma embarcação cósmica de vastas proporções e não podemos olvidar que o Senhor permanece vigilante no leme.
69 — FASE DE CONFUSÃO MUNDIAL
P. — É de se esperar que dure muito essa fase caótica de confusão que existe em nossos dias?
R. — Façamos harmonia em nós mesmos e a perturbação exterior será reconhecida por nós à categoria de oportunidade valiosa de serviço aos nossos semelhantes.
70 — AFINIDADE VIBRATÓRIA
P. — Como explicar as diferenças vibratórias de cada Plano que colocam em mundo tão distantes, Espíritos geometricamente próximos?
R. — Cada Espírito vive no Plano sentimental e consciencial que edificou para si mesmo. E se temos na Crosta da Terra um educandário com obrigações de exercício, fora do uniforme carnal, as almas vivem e evoluem no campo da afinidade vibratória.
71 — ANDRÉ LUIZ
P. — É realmente André Luiz o autor das obras que são publicadas sob esse pseudônimo ou emprestam, outros Espíritos, sua cooperação no preparo desses livros?
R. — André Luiz é um trabalhador devotado à verdade e ao bem, que pelo seu ministério na boa vontade e na consagração ao serviço redentor dos homens, permanece em contato com grandes instrutores. Pode, portanto, falar por si mesmo e por aqueles que ouve na condição de discípulo atencioso e confiante.
72 — AMOR DAS ALMAS AFINS
P. — Criando-se alguma distância evolutiva entre dois Espíritos afins (almas gêmeas), essa distância poderá contribuir de algum modo para que se rompa ou, pelo menos, se atenue o grau de afinidade anterior?
R. — O amor é ciência de sublimação para Deus e a felicidade para crescer deve dividir-se. Não há ruptura de laços entre os que se amam no infinito do espaço e na eternidade do tempo. As almas afins se engrandecem constantemente repartindo as suas alegrias e os seus dons com a Humanidade inteira, não existindo limitações para o amor, embora seja ele também a luz divina a expressar-se em graus diferentes nas variadas esferas da vida.
73 — FLUIDOS
P. — Perguntam-nos frequentemente sobre o que sejam fluidos. Qual a explicação que poderemos transmitir?
R. — Os vossos estudos na ciência eletrônica, adiantando-se nas especulações e realizações do magnetismo e da eletricidade, vos conduzirão a equações positivas no problema aventado.
O exame dos fluidos, em suas características que se graduam até o infinito, exigiria por agora, a confecção de muitos tratados sem proveito imediato para a mente coletiva, ante a vossa necessidade de mais ampla habilitação espiritual para a grandeza do assunto na Terra.
74 — VIBRAÇÃO
P. — Que é vibração?
R. — Interpretemos, por enquanto, a vibração como sendo “onda”.
Perguntareis, em seguida, o que seja “onda” e vos responderemos que mais vale, acima da perquirição, a obtenção dos recursos, com que possamos estar em condições de igualdade para ver e observar.
Construamos os olhos do espírito no mundo dos homens, pela legítima sublimação dos sentimentos, e entenderemos juntos o quadro divino em que se desenrola o drama de nossa evolução no Universo. Penetremos, pois, na onda do Cristo e realizaremos a verdade mais depressa.
75 — DIVÓRCIO
P. — Como deve o advogado encarar o problema do divórcio, se admitido pela lei humana?
R. — Acreditamos com a palavra de Jesus que o divórcio é medida tolerada, perante a dureza dos nossos corações, ainda incapazes de atender à renunciação e ao sacrifício em favor da perfeita alegria no coração daqueles que se fazem os companheiros de nossa jornada redentora ou evolutiva.
76 — INDIVIDUALIDADE
P. — Quando começa a individualidade no setor geral da vida?
R. — Pensamos que a individualidade, constituindo a noção de si mesmo, começa no dia em que desabrocha no ser a claridade da razão com o discernimento.
77 — AFINIDADE ENTRE OS HOMENS
P. — Qual a causa que determina a afinidade entre os homens?
R. — Quando as pedras preciosas alijam o envoltório denso em que se mergulham, confundem-se na mesma riqueza e no mesmo brilho. Assim também, quando a consciência, que é luz divina sob as trevas da carne, se desvencilha da ignorância, passa a gerar simpatia, identifica-se com a bondade e penetra o oceano de amor em que a vida se desenvolve, afinando-se com todos os seres e com todas as cousas, através do sol invisível da grande Compreensão.
78 — O AMOR NO SENTI DO UNIVERSAL
P. — Fazendo-se abstração ao conceito imediatista dos órgãos materiais, como devemos justificar o Amor no sentido Universal?
R. — O amor é o clima em que as menores expressões da vida, em todos os Planos, crescem nos laboratórios do tempo, para a divina glorificação.
79 — CONCEITO DE VIDA
P. — Como podemos conceituar, no seu sentido mais amplo, o fenômeno da Vida?
R. — Ainda não nos conhecemos para apresentar a equação exata ao problema proposto. Quando comungarmos com o Pai, herdaremos a vida em toda a sua grandeza e poderemos, então, conceituá-la.
Até lá, o único direito que desfrutamos é o de agir para bem fazer, aprendendo a servir incessantemente, em favor do nosso próprio crescimento espiritual, de vez que, confrontados com a Esfera dos Anjos, onde imperam o Amor e a Sabedoria, não passamos de amebas pensantes, com o poder de estudar e trabalhar.
Francisco Cândido Xavier
Emmanuel