Temos aqui uma carta diferente, redigida por devotado vovô, domiciliado no Além há quase trinta anos, que retorna pela escrita mediúnica oferecendo à neta querida, D. Ernesta Baptistella, provas de sua presença espiritual na família que deixou na Terra e, ao mesmo tempo, transmitindo muita paz e oportunos esclarecimentos, tranquilizando-a em suas preocupações maiores.
Com humildade, vovô Alberto Davoli também se mostra reconhecido, dizendo: “Sou eu quem lhe agradece as inspirações que colhi para a minha própria mudança no campo espiritual, com base em seus esforços para que a bênção de nosso conforto se estenda aos outros, àqueles que guardam no peito um coração semelhante ao nosso e que experimentam tropeços que desconhecemos.”
Recebida em reunião íntima, a 1º de janeiro de 1979, na residência onde Chico Xavier se hospedava em Pedro Leopoldo, Minas, assim foi redigida:
MENSAGEM
1 Querida Ernesta: n Deus abençoe o seu coração consagrado ao bem.
2 Desde muito, vivo em seu clima de trabalho, fazendo quanto se me faz possível para que a fé em Deus lhe garanta a coragem precisa de continuar fiel aos compromissos que a sua dedicação ao bem abraçou com Jesus. n
3 Passaram as lutas, como se dissolvem as tempestades. Nossos dias vão nascendo e passando, e sabemos quantos espinhos varou você na retaguarda que o seu coração soube transpor, de alma centralizada em Jesus. Filha, os avós são também pais. Os netos são continuadores de nossas construções.
4 Sou eu quem lhe agradece as inspirações que colhi para a minha própria mudança no campo espiritual, com base em seus esforços para que a bênção de nosso conforto se estenda aos outros, àqueles que guardam no peito um coração semelhante ao nosso e que experimentam tropeços que desconhecemos. 5 Aprendi com os seus grandes silêncios e com as suas lágrimas que nenhum de nós está órfão da Divina Providência e louvo a calma com que você subiu as pedras do caminho de elevação que a vida lhe traçou ao espírito formado para o bem.
6 Prossigamos atentos à estrada bendita em que o nosso burilamento interior é agora o nosso principal objetivo.
7 Nossa Pierina n é um belo coração de mãe; entretanto, por vezes, os corações maternos, em certas fases da existência, demoram a mostrar as pérolas de ternura que conservam no seio. Espero que o seu amor lhe entregue os nossos votos de paz e alegria, na certeza de que Deus a fará feliz.
8 Ernesta querida, às vezes, as sombras do mundo se avolumam de tal modo, que as maiores luzes de nossa alma não conseguem ser divisadas ou registradas, por aqueles que mais amamos. O tempo, entretanto, é o grande aliado de Deus no estabelecimento das realidades que nos enriquecem de paz, às vezes, feita de pranto, e por isso mesmo regozijamo-nos com você, ante as bênçãos que estamos recebendo em família.
9 O nosso querido amigo Gambini n agradece todos os seus sacrifícios e dedicações, na proteção ao filhinho querido que lhe reflete a imagem e os ideais, e promete continuar amparando as suas forças, na estrada de sublimação que os seus passos trilham valorosamente, compartilhando das obras de amor e paz que Jesus legou a todos os seus continuadores de boa vontade.
10 As tarefas que o seu carinho de irmã vem abraçando com as nossas companheiras do Evangelho n ser-nos-ão mensageiras de bênçãos sempre maiores e sempre novas.
11 Querida filha, ao meu neto-bisneto, igualmente filho do meu coração, os meus votos de êxito em seus estudos e preparações para o futuro, que desejamos se lhe faça repleto de felicidade; e à sua dedicação de filha, todo o amor, do avô e pai que agradece os seus exemplos de renúncia e humildade, devotamento ao bem e fé em Deus, sempre de preces voltadas ao Senhor por seu fortalecimento constante na seara do bem.
12 Sempre o servidor, que em seus passos deseja igualmente transformar-se em servidor de Jesus,
Alberto n
NOTAS E IDENTIFICAÇÕES
1 — Ernesta — Profª Ernesta Baptistella, neta, residente em São Paulo, Capital.
2 — Compromissos que a sua dedicação ao bem abraçou com Jesus. — Compromisso com algumas menores, que residem com ela na condição de queridas tuteladas.
3 — Nossa Pierina é um belo coração de mãe; entretanto, por vezes, os corações maternos, em certas fases da existência, demoram a mostrar as pérolas de ternura que conservam no seio. — Pierina Baptistella, filha de Alberto Davoli e mãe de Ernesta, faleceu em São Paulo, SP, a 12/7/1979, com 82 anos, seis meses após a psicografia desta carta.
Em atenciosa carta, atendendo nosso pedido, D. Ernesta contou-nos que “sempre o maior problema estava entre minha mãe e eu, e vice-versa. Não podia compreender porque minha mãe, tão boa, não me aceitava e, nem eu, a ela. Ultimamente, sentia que algo deveria ser feito e teria de partir de mim, com objetivo de conquistar aquele coração que, em outras vidas, devia tê-lo ferido profundamente. Seguindo orientações de Chico Xavier (“dê lindos presentes”; “dê muitas flores”, “peça a bênção”) fui conseguindo aproximar-me dela até que consegui beijar-lhe. Em julho de 1979, encontramo-nos pela última vez num corredor de hospital, quando, gravemente enferma, se submetia a uma segunda operação. Beijei-a na testa, de coração desejei-lhe tudo de bom, e ela fitou-me com olhar tão diferente, mas já não podia falar. Perguntei ao nosso querido Chico: e aquele olhar tão significativo de minha mãe? Disse-me ele: “Ernesta, sua mãe já tinha entrevisto a verdade.” Fiquei feliz, havia me perdoado. Chico, Deus lhe pague pela paz que trago hoje no meu íntimo.”
4 — O nosso querido amigo Gambini agradece os seus sacrifícios e dedicações na proteção ao filhinho querido — José Gambini de Souza (1918-1963), pai do bisneto do Sr. Alberto — José Gambini de Souza Filho, com 22 anos de idade —, transmitiu este significativo recado à D. Ernesta, que muito sofreu na condição de mãe solteira.
5 — Nossas companheiras do Evangelho — Senhoras de uma favela da Vila Campestre, que participam do Culto do Evangelho no lar de D. Ernesta.
6 — Alberto — Alberto Davoli nasceu em Modena, Itália, a 20/8/1865, e desencarnou em Mogi Mirim, SP, a 15/5/1950. Foi sitiante e caixeiro viajante. D. Ernesta esclareceu-nos que o seu avô “sempre foi muito alegre e querido de todos, o amigo da paz de nossa família. Nunca havíamos recebido notícias mediúnicas dele, e nem mesmo falado a seu respeito, com o nosso caro Chico.”