O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Diálogo dos vivos — Autores diversos — F. C. Xavier / J. Herculano Pires


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 Ouro: prós e contras

Francisco Cândido Xavier


O Evangelho Segundo o Espiritismo nos ofereceu para estudo o item 7 do capítulo XVI, ( † ) relativo à fortuna terrena. Os comentários dos companheiros foram os mais diversos.

Alguns destacavam a sovinice e a ambição, a maldade e a guerra através da História, formulando acusações ao ouro. Outros mostravam o valor da fortuna material como instrumento de evolução do homem e do mundo.

Complementando as observações da noite, o nosso caro Emmanuel escreveu a página a que denominou Dinheiro.




 DINHEIRO n


Emmanuel


1 Abençoa o dinheiro para que o dinheiro te abençoe.

2 Em verdade, não temos nele a vida, mas em si mesmo se erige por valioso sustentáculo do progresso, sobre o qual a vida se aperfeiçoa.

3 Não é o amor; entretanto, suscita a simpatia e o reconhecimento em que, muitas vezes, o amor aparece em fontes de luz.

4 Não é a saúde; todavia, assegura o medicamento que combate a enfermidade.

5 Não é a paz; contudo, é fator de equilíbrio, promovendo o trabalho ou extinguindo muitos dos débitos que atormentam o espírito.

6 Não é a felicidade; no entanto, pode criar a felicidade a nosso favor, através do bem que é capaz de esparzir.

7 — Talvez… — Talvez… dirás, com amargura de quantos viste no resvaladouro da delinquência por não saberem usufruí-lo com segurança e proveito.

8 De nossa parte, porém, tomamos a liberdade de perguntar se conheces todo o inventário:
9 das dores que o dinheiro suprime;
10 das lágrimas que enxuga;
11 das aflições que desfaz;
12 das empresas culturais que sustenta;
13 do reconforto que espalha;
14 das esperanças que semeia;
15 das boas obras que realiza;
16 das vidas que salva;
17 dos suicídios e delitos outros que consegue evitar;
18 das indústrias que incentiva e mantém;
19 das inteligências que aprimora;
20 ou das bênçãos de alegria que distribui.


21 Não censures a fortuna amoedada e nem condenes aqueles que a conservam, carregando responsabilidades e dirigindo-se a fins que ignoramos.

22 Na Terra o dinheiro é uma alavanca que a Divina Providência nos coloca nas mãos; manejando-a, tanto se pode marginalizar o coração nas trevas quanto edificar o luminoso caminho para a Vida Maior.

23 Dinheiro, em suma, vem de Deus, mas é forçoso reconhecer que a aplicação dele vem de nós.




 OS RICOS E O REINO


Irmão Saulo


A condenação de Jesus aos ricos, tão clara no Evangelho de Lucas, não se refere à fortuna em si, mas ao apego à fortuna. Se Jesus considerasse o dinheiro como maldição não diria ao moço rico que o distribuísse aos pobres. A riqueza individual e familiar é uma forma de acumulação com vistas ao futuro da coletividade. Kardec examinou suficientemente esse problema e deixou evidente o papel social da riqueza. Mas justamente por isso ela se torna, como dizem constantemente os Espíritos, uma das provas mais perigosas para o Espírito encarnado.

Podemos compará-la à saúde. O homem são e forte em geral se embriaga com a sua condição e se afasta dos problemas do Espírito. Esquece o que é e que terá de voltar ao Plano espiritual. A prova da saúde é tão perigosa como a da fortuna. Mas ambas têm por finalidade adestrar o Espírito na luta com as ilusões, com as fascinações da vida. É nessa luta que o Espírito desenvolve os seus poderes internos, a sua capacidade de superar a matéria, de dominá-la como o nadador domina a água.

A parábola do jovem rico põe a nu a situação do Espírito diante da prova. O jovem queria a salvação e procurava seguir os preceitos da lei para atingi-la. Sua consciência o advertia de que ele não estava fazendo o necessário. Mas quando Jesus lhe disse que se libertasse dos seus bens e os revertesse em favor dos pobres, ele não teve coragem de faze-lo. Vender as suas propriedades e distribuir o dinheiro aos necessitados não é apenas dar esmolas. A maior esmola é a que se faz em forma de auxílio e estímulo ao trabalho. As propriedades inúteis do jovem rico podiam ser transformadas em recursos de produção, beneficiando os pobres.

A acumulação da fortuna implica no dever do seu bom emprego em favor da coletividade. Quem não a usa nesse sentido, mas apenas em beneficio do seu orgulho e da sua vaidade pessoal, está colocando-se na situação do camelo que não pode passar pelo fundo da agulha. A vida terrena passa breve e o rico egoísta logo se verá diante da porta estreita do Reino sem poder franqueá-la. Quando os homens forem capazes de enfrentar a prova da riqueza para vencer o egoísmo, a miséria desaparecerá do mundo.

A porta do Reino de Deus é estreita, porque só as almas puras, aliviadas da carga da ambição e do orgulho, devem passar por ela. O rico egoísta, apegado aos seus haveres, não consegue entrar, pois não se dispõe a largar os seus fardos do lado de fora. Terá de voltar muitas vezes à Terra, aos reinos dos homens, para aprender que a riqueza material só o ajudará quando ele souber trocar as suas moedas de metal por atos de amor.



[1] Na 1ª edição do livro impresso, o conteúdo das páginas 52 e 53 estão em posição invertidas.

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